O dólar operava em alta nesta quinta-feira (22/5), em um dia no qual os investidores voltam suas atenções a Brasília, com o possível anúncio de novas medidas fiscais pela equipe econômica.
O mercado também acompanha a divulgação dos dados do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento que faz uma atualização das projeções para o Orçamento.
No cenário internacional, o foco continua sendo a situação fiscal nos Estados Unidos, com preocupações acerca da dívida norte-americana e sua proporção em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Dólar
- Às 9h17, o dólar avançava 0,5% e era negociado a R$ 5,672.
- No dia anterior, a moeda dos EUA fechou em queda de 0,46%, cotada a R$ 5,643.
- Com o resultado, o dólar acumula perdas de 0,6% em maio e 8,68% em 2025 frente ao real.
Bolsa de Valores
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- Na véspera, o Ibovespa encerrou o pregão em forte baixa de 1,59%, aos 137,8 mil pontos.
- Com o resultado, o indicador acumula ganhos de 2,08% no mês e de 14,63% no ano.
Medidas fiscais no Brasil
No cenário doméstico, as atenções do mercado seguem voltadas ao possível anúncio de novas medidas fiscais por parte da equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
O chefe da pasta conversou nesta semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir novas medidas fiscais, que devem ser anunciadas nesta quinta.
Também está prevista a divulgação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, documento que orienta a execução do Orçamento.
Normalmente, o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas apresenta o quadro fiscal para o ano corrente. O documento traz os valores a serem contingenciados (para cumprir a meta de resultado primário) ou bloqueados (para cumprir o limite de gastos do arcabouço fiscal).
Além de Haddad, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), também participará do anúncio.
No início da semana, o chefe da equipe econômica não confirmou que a Fazenda esteja planejando o anúncio de um contingenciamento de R$ 18 bilhões, como vem sendo especulado nos bastidores. “Eu não posso antecipar”, limitou-se a dizer Haddad.
Estados Unidos
No exterior, os olhos do mercado continuam voltados aos EUA, também sob forte preocupação com a questão fiscal na maior economia do mundo.
Em uma vitória do governo do presidente Donald Trump, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, na manhã desta quinta-feira, o projeto que traz um pacote de medidas de corte de impostos e gastos, uma das bandeiras da atual administração.
O texto foi aprovado em uma votação muito apertada, com 215 votos favoráveis e 214 contrários. Após a aprovação pelos deputados, a proposta agora será encaminhada ao Senado.
Na última terça-feira (20/5), Trump havia afirmado que poderia ocorrer um aumento significativo de impostos no país caso o projeto tributário apresentado por seu governo não fosse aprovado pelo Legislativo.
“A alternativa [ao projeto] é um aumento de impostos de 68%. E você pode culpar os democratas por isso, um ou dois fanfarrões [congressistas do Partido Democrata, de oposição]”, afirmou Trump.
Segundo o presidente dos EUA, o projeto apresentado por sua administração, e que vem sendo discutido no Congresso, prevê “o maior corte de impostos da história do país”.
De acordo com economistas, o projeto pode acrescentar de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões à dívida dos EUA, que é de US$ 36,2 trilhões, ao longo da próxima década.
Segundo a Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, a dívida dos EUA pode atingir 134% do PIB do país até 2035. A agência rebaixou a nota de crédito norte-americana.
A proposta da Casa Branca prorroga os cortes de impostos implementados por Trump em seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, reduz os impostos sobre a renda de horas extras, aumenta gastos com defesa e fornece mais fundos para a política de controle das fronteiras.
Críticos ao projeto, inclusive dentro do Partido Republicano, defendem que o governo banque cortes maiores no programa de saúde Medicaid para norte-americanos de baixa renda e revogue completamente os chamados “créditos fiscais verdes”, instituídos pelos democratas.
Na última sexta-feira (16/5), quatro parlamentares do Partido Republicano, de Trump, haviam bloqueado a tramitação do projeto na Comissão de Orçamento da Câmara dos Representantes. Após negociarem com o governo, eles permitiram que a proposta avançasse.
“Não vamos cortar nada significativo [em programas sociais]. Não vou mudar o Medicaid, o Medicare ou a Previdência Social”, afirmou Trump.
Ainda nesta quinta-feira, os investidores acompanham a divulgação de dados preliminares sobre o Índice de Gerente de Compras (PMI) do setor industrial nos EUA, pela S&P Global.
O Departamento de Trabalho do governo norte-americano também divulga os novos números de pedidos de seguro-desemprego, referentes à semana encerrada em 17 de maio.