Vídeo: ministra do TSE fala sobre caso de racismo em evento do governo

Vítima de racismo durante um evento promovido pelo governo  federal, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Vera Lucia Santana Araújo relatou ao Metrópoles como foi o episódio.

Em entrevista nesta quinta-feira (22/5), ela contou que passou por uma série de constrangimentos antes de conseguir entrar no evento, que ocorreu no prédio da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em Brasília.

A ministr foi barrada na porta do edifício ao tentar entrar para dar palestra na sexta-feira (16/5) em um evento da Comissão de Ética da Presidência da República para o qual tinha sido convidada.

Veja o vídeo da entrevista:

A ministra do TSE narrou que foi “destratada” por funcionários terceirizados do prédio. Segundo ela, os funcionários da portaria não quiseram sequer olhar sua carteira de identificação de ministra.

“A crítica vai à formação dada aos terceirizados que atuam ali pela forma discriminatória com que fui tratada e desrespeitada, inclusive porque, assim que cheguei, disse meu nome. As duas atendentes olharam o papel, disseram que meu nome não estava naquela lista. Quando uma delas disse isso, eu peguei minha carteira de identificação de ministra substituta do TSE, mas nenhuma das duas quis sequer pegar a carteira para olhar a foto”, relatou Vera Lucia.

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“Deixei minha carteira em cima do atendimento. Disse que não precisava ligar para a organização, pois não tinha nenhum problema com ela e não via necessidade de fazer isso. Nesse meio tempo, chamaram o vigilante. Esse vigilante também se recusou a verificar minha apresentação institucional, minha identificação como ministra”, completou a ministra.

Manifestação do governo

Ao Metrópoles, a ministra contou que recebeu uma ligação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e mensagens do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que acionou a PF para apurar o caso.

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Na entrevista, Vera também comentou sobre a falta de representatividade de negros no Poder Judiciário brasileira. Para a ministra substituta do TSE, a baixa indicação de juízes negros é “gravíssima”.

Ao comentar as listas tríplices para as vagas do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ministra avaliou que as carreiras jurídicas, responsáveis pelas indicações ao Executivo, precisam se responsabilizar pela ausência de negros.

“É gravíssimo que hoje no STJ só haja dois ministros negros homens e que nunca tivemos uma mulher negra. Essa responsabilização cabe às carreiras jurídicas que indicam os nomes para compor essa lista”, declarou.

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