O Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência e 2,4 milhões que declaram ser autistas. Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira (23/5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os resultados preliminares fazem parte do Censo Demográfico de 2022 sobre pessoas com deficiência e pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista.
PCDs no Brasil
O número de pessoas com deficiência no país corresponde a 7,3% da população nacional de dois anos ou mais. Do total de 14,4 milhões de PCDs, 8,3 milhões são mulheres, enquanto os homens somam 6,1 milhões.
Por região, o Sudeste tem a maior população com deficiência do Brasil, com quase 5,7 milhões de pessoas. Em seguida está o Nordeste, com 4,6 milhões. As demais regiões não supera os 2 milhões. Confira:
- Sul tem 1,9 milhão de PCDs;
- Norte tem 1,2 milhão de PCDs; e
- Centro-Oeste tem 1 milhão de PCDs.
No entanto, quando a análise é feita de forma proporcional, a Região Nordeste computa a maior participação de pessoas com deficiência, atingindo 8,6% da população regional. Seguido por Norte (7,1%), Sudeste (6,8%), Sul (6,6%) e Centro-Oeste (6,5%).
Além disso, todos os nove estados nordestinos apresentam variações superiores à média nacional, de 7,3%. Os destaques vão para Alagoas (9,6%), Piauí (9,3%), Ceará e Pernambuco (ambos com 8,9%).
No recorte por cor ou raça, a maioria dos PCDs do Brasil se identifica como parda ou branca — 6,4 milhões e 6,1 milhões, respectivamente. Seguido por 1,8 milhão de pessoas pretas, 78 mil indígenas e 55 mil amarelas.
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Já na análise por grupos etários, o IBGE avalia que a incidência de deficiências tende a aumentar com o envelhecimento — “o que é esperado, uma vez que as limitações funcionais se tornam mais frequentes com o avanço da idade”.
Confira como ficou o percentual:
- 10,7% das PCDs têm de 15 a 29 anos;
- 8,1% das PCDs têm de 30 a 39 anos;
- 30,5 das PCDs têm de 40 a 59 anos;
- 32,8% das PCDs tinham de 60 a 79 anos; e
- 12,6% das PCDs tinham 80 anos ou mais.
Dificuldades funcionais
Neste recorte, o IBGE classifica as dificuldades funcionais em:
- Dificuldade permanente para enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato;
- Dificuldade permanente para ouvir, mesmo usando aparelhos auditivos;
- Dificuldade permanente para andar ou subir degraus, mesmo usando prótese ou outro aparelho de auxílio;
- Dificuldade permanente para pegar pequenos objetos, como botão ou lápis, ou abrir e fechar tampas de garrafas; e
- Dificuldade permanente para se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar ou estudar por causa de alguma limitação nas funções mentais.
Conforme o Censo 2022, a dificuldade funcional mais prevalente entre os PCDs é a de enxergar, atingindo cerca de 7,9 milhões de pessoas com deficiência. Logo em seguida está a dificuldade permanente para andar ou subir degraus, com 5,2 milhões.
As demais são:
- Impedimento permanente relacionado à destreza manual – como pegar pequenos objetos ou abrir e fechar tampas: 2,73 milhões de pessoas;
- Dificuldade permanente devido à limitação nas funções mentais: 2,69 milhões de pessoas; e
- Dificuldade permanente para ouvir: 2,55 milhões de pessoas.
#ATENÇÃO: vale destacar que os valores somados de cada tipo de dificuldade funcional são superiores ao total porque algumas pessoas têm mais de uma.
Entre os destaques, a dificuldade de enxergar é maior no Nordeste (4,8%) e Norte (4,6%), enquanto a de andar ou subir degraus é mais elevada no Nordeste (3%) e Sudeste (2,6%).
Domicílios
Conforme o IBGE, em 16% dos domicílios recenseados há pelo menos um morador (adulto ou criança) com deficiência. A Região Nordeste apresentou o maior percentual de domicílios com ao menos um morador PCD (19,5%), seguida pelas Regiões Norte (17,8%), Sudeste (14,7%), Centro-Oeste (14,3%) e Sul (14,1%).
Outro ponto é a presença de banheiro ou sanitário. O Censo 2022 informa que em 15,9% das residências com banheiro de uso exclusivo há um morador com deficiência. Esse número foi maior em imóveis com apenas um banheiro de uso comum a mais de um domicílio (18,5%), e ainda mais elevado nos imóveis sem banheiro ou sanitário (19,3%).
No caso de existência de ligação à rede geral de distribuição de água, veja as principais formas de abastecimento:
- ligação à rede de abastecimento – 15,7% dos domicílios têm pelo menos um morador com deficiência.
- ligação à rede geral, mas usam outra forma como principal – 17,2% dos domicílios têm pelo menos um morador com deficiência.
- não possuem ligação à rede geral – 18% dos domicílios têm pelo menos um morador com deficiência.
Analfabetismo
Na pesquisa, o IBGE ressalta que o analfabetismo no Brasil entre pessoas com deficiência (de 15 anos ou mais) “permanece elevado e significativo”. O país contabiliza 2,9 milhões que não sabem ler e escrever — o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 21,3%.
“As taxas de analfabetismo são consistentemente superiores para pessoas com deficiência, independentemente da faixa etária ou da região considerada”, diz o Censo 2022.
Dentre as PCDs analfabetas, quase metade delas (48%) reside no Nordeste, enquanto 27,7% vivem no Sudeste. Em comparação, entre as pessoas sem deficiência da mesma faixa etária, há 7,8 milhões de analfabetos, com taxa de analfabetismo em 5,2%.
Pessoas com TEA
Pela primeira vez o Censo Demográfico investiga informações sobre autismo. Os recenseadores questionaram os moradores de cada domicílio se tinham sido diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) por algum profissional de saúde.
Segundo o IBGE, o autismo prevalece entre homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,9%). Isso equivale a 1,4 milhões de homens autistas e quase 1 milhão de mulheres com diagnóstico de TEA.
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Entre os grupos etários, a prevalência de diagnóstico de autismo é maior entre as crianças: 2,1% no grupo de 0 e 4 anos de idade, 2,6% entre 5 e 9 anos e 1,9% entre 10 e 14 anos. Esses percentuais representam, ao todo, 868,9 mil crianças de 0 a 14 anos com autismo no país. Nos demais grupos etários, os percentuais oscilaram entre 0,8% e 1%.
Ao observar as pessoas com diagnóstico de autismo por cor ou raça no Brasil, o maior percentual fica entre as pessoas que se declararam como branca com 1,3%, o que equivale a 1,1 milhões.
A menor prevalência, por sua vez, está entre as pessoas que se declararam como de cor ou raça indígena, com 0,9%, o que representa 11,4 mil pessoas. Entre as pessoas amarelas, 1,2% tem diagnóstico de autismo, o que corresponde a 10,3 mil. Cerca de 221,7 mil pessoas pretas e 1,1 milhões de pessoas pardas possuem TEA, o que condiz a 1,1% de cada uma dessas populações.
A prevalência de TEA nas regiões do país não apresenta grandes diferenças, isso porque Norte, Nordeste, Sul e Sudeste registram 1,2% e Centro-oeste um pouco menos, 1,1%. Contudo, o número de brasileiros diagnosticados com autismo é maior no Sudeste, com cerca de 1 milhão de pessoas.