Depois de forte solavanco pela manhã, os mercados de câmbio e ações estabilizaram-se nesta sexta-feira (23/5). O dólar fechou em queda de 0,27% frente ao real, cotado a R$ 5,64. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), subiu 0,40%, aos 137.824.
No início do dia, contudo, o quadro era bem diferente. Os dois mercados registraram forte turbulência. O dólar abriu em forte alta de 1,21%, a R$ 5,73. Às 10h23, essa cotação chegou a R$ 5,74. O Ibovespa, no mesmo horário, recuou 1,37%, aos 135.395 pontos.
Os dois indicadores apresentaram oscilações bruscas (o dólar disparando e a Bolsa em queda), como resultado de um anúncio feito na véspera pela área econômica do governo federal. As medidas incluíam mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas programadas para 2025.
A informação sobre o congelamento foi bem-recebido pelos agentes econômicos, mas as alterações do IOF chacoalharam o mercado. No fim do pregão da quinta-feira (22/5), esse impacto já ficou evidente. A moeda americana disparou e a B3 afundou. A notícia continuou repercutiu depois do fechamento, com reflexos nos negócios futuros. O dólar futuro para junho saltou 1,87%, a R$ 5,76. O Ibovespa futuro recuou 1,93%, aos 136.375 pontos.
Pronunciamento de Haddad
Logo pela manhã, antes da abertura do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o cancelamento parcial de medidas voltadas para o IOF. A decisão foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União (DOU).
O decreto manteve zerada a alíquota do imposto sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior. A intenção inicial do governo era subir de zero para 3,5% a taxação. Brasília também manteve em 1,1% a alíquota sobre remessas para o exterior destinadas a investimentos. Com isso, o mercado acalmou-se.
Trump pesou
Além da questão do IOF, os investidores também acompanharam nesta sexta-feira novas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço. O republicano ameaçou tarifar as importações da União Europeia em 50% e taxar os iPhones da Apple em 25%, caso eles não sejam produzidos nos Estados Unidos.
“O mercado voltou ao modo de aversão a risco, fazendo a bolsa americana recuar e o dólar perder força globalmente”, diz André Valério, economista sênior do Banco Inter. “Com isso, o real se apreciou na esteira de todos os emergentes, sendo uma das moedas mais beneficiadas. Além do movimento internacional, o real também se favoreceu do recuo do governo sobre o aumento do IOF sobre as transações internacionais, além da notícia de contingenciamento de R$ 31 bilhões.”
Valério observa que, de modo geral, houve continuidade da tendência observada ao longo desta semana, com o fiscal americano influenciando na desvalorização do dólar e motivando a busca por ativos fora dos Estados Unidos. Nesse caso, ele cita o ouro, que valorizou quase 5% ao longo da semana.