Brasília – A contagem regressiva para acertar as contas com o Leão está chegando ao fim. Faltando sete dias para o encerramento do prazo, mais de um terço dos brasileiros ainda não entregou a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2025. O prazo termina às 23h59min59s do dia 30 de maio.
Segundo a Receita Federal, até as 18h da sexta-feira (23), foram entregues 30.328.822 declarações, o que representa 65,65% do total esperado para este ano, que é de 46,2 milhões. Ou seja, cerca de 15,8 milhões de contribuintes seguem pendentes, mesmo com a facilidade de recursos como o declaração pré-preenchida, o preenchimento online e o aplicativo Meu Imposto de Renda.
A pré-preenchida, usada por 48,4% dos declarantes, é a principal aposta do Fisco para acelerar o processo. Com ela, o sistema puxa automaticamente dados já disponíveis, como rendimentos, deduções e movimentações financeiras. Mas em 2025, esse recurso enfrentou um atraso no abastecimento por conta da greve dos auditores fiscais, que comprometeu o funcionamento normal do sistema no início do prazo.
Ainda assim, a maioria dos contribuintes preferiu o método tradicional: 83,6% usaram o programa de computador, enquanto 10,9% optaram pelo preenchimento online e 5,5% utilizaram o app móvel.
Outro dado relevante: 62,6% dos que já enviaram a declaração devem receber restituição, enquanto 20,2% pagarão imposto e 17,2% não terão valores a receber nem a pagar. A opção de desconto simplificado, que facilita o cálculo e a entrega, foi usada em 56,4% dos envios.
O prazo de entrega foi aberto em 17 de março e o programa gerador está disponível no site da Receita desde o dia 13 do mesmo mês. Segundo o órgão, o número total de declarações deve superar em 7% o volume de 2024, quando foram recebidos 43,2 milhões de documentos.
Quem precisa declarar?
Estão obrigadas a prestar contas ao Fisco todas as pessoas físicas que tiveram rendimentos tributáveis superiores a R$ 33.888 em 2024, ou receita bruta de atividade rural acima de R$ 169.440. Quem ganhou até dois salários mínimos por mês no ano passado está isento — a menos que se encaixe em outros critérios de obrigatoriedade, como posse de bens ou investimentos.
A Receita alerta: quem não declarar no prazo está sujeito a multa mínima de R$ 165,74, que pode chegar a 20% do imposto devido.
O governo conta com o avanço da tecnologia para reduzir a inadimplência e aumentar a precisão dos dados declarados. Mas a complexidade da legislação, os sucessivos ajustes inflacionários mal executados e o atraso na reforma tributária seguem dificultando o processo para milhões de pessoas, especialmente as de renda média e baixa, que enfrentam um sistema injusto e regressivo.
Reforma no horizonte, mas sem data certa
Enquanto isso, a prometida reforma tributária patina no Congresso.
Anunciada com estardalhaço em 2023, a proposta avança a passos lentos, e continua sem tocar em tabus como a taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos, ou isenções bilionárias de setores privilegiados. Para o cidadão comum, sobra a obrigação de declarar, pagar e, se errar, ser penalizado. A desigualdade fiscal segue firme — e o Leão continua faminto.
O Carioca esclarece
Quem é obrigado a declarar Imposto de Renda em 2025?
Quem teve rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888 em 2024, lucros na atividade rural acima de R$ 169.440, posse de bens acima de R$ 300 mil ou outras situações previstas pela Receita.
O que acontece se eu não entregar a declaração no prazo?
Há multa mínima de R$ 165,74, podendo chegar a 20% do imposto devido, além da pendência no CPF.
Por que a declaração pré-preenchida atrasou em 2025?
Por causa da greve dos auditores fiscais, que paralisou parte das operações da Receita Federal.
Como isso afeta a democracia ou os direitos?
O modelo de tributação atual penaliza os mais pobres e protege os mais ricos. Sem reforma, a desigualdade fiscal mina a justiça social e compromete a função redistributiva do Estado.