Com suspeita de laxante na comida, Ronnie Lessa come só pão na cadeia

O ex-policial militar Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, tem se alimentado exclusivamente de pão na Penitenciária 1 (P1) de Tremembé, em São Paulo, após alegar que agentes prisionais estariam colocando laxantes na comida fornecida a ele.

Conforme apurado pelo Metrópoles, Lessa, que cumpre pena desde junho do ano passado na unidade, decidiu recusar a alimentação da penitenciária devido ao suposto uso dos laxantes em suas refeições.

Lessa afirmou ainda que os agentes penitenciários consideram a atitude dele como uma “birra”. Ele teria comunicado aos familiares e advogados que, enquanto a situação persistir, continuará a se alimentar apenas de pão.

Desde que deixou a Penitenciária Federal de Mato Grosso, após firmar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) — que resultou na prisão dos irmãos Brazão e do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa — não é a primeira vez que Lessa relata problemas no sistema prisional.

Réu confesso, Lessa também já havia informado a familiares e advogados que está vivendo em uma espécie de “solitária”, sem acesso a banho de sol ou ao convívio com outros presos.

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Apesar de ameaças por parte de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), Lessa esperava ser transferido para outros pavilhões e cumprir sua pena em condições semelhantes às de um “detento comum”. Ele também questionou os termos da delação que não estavam sendo nada vantajoso para ele.

Diante das denúncias, a Penitenciária Federal de Tremembé instaurou um procedimento para apurar as alegações feitas por Ronnie Lessa.

6 imagensRonnie Lessa foi preso em 2019 por matar Marielle FrancoMarielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro (RJ) pelo PSol. Ela foi morta pelo miliciano Ronnie Lessa, apontado como "psicopata" em depoimento de delegado.Ronnie Lessa é réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco31 de outubro – O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condena Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelo Assassinato de Marielle Franco. Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisãoFoto de registro de Ronnie Lessa na P1 de TremembéFechar modal.1 de 6

Ronnie Lessa

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Ronnie Lessa foi preso em 2019 por matar Marielle Franco

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Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro (RJ) pelo PSol. Ela foi morta pelo miliciano Ronnie Lessa, apontado como “psicopata” em depoimento de delegado.

Renan Olza/Camara Municipal do Rio de Janeiro4 de 6

Ronnie Lessa é réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco

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31 de outubro – O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condena Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelo Assassinato de Marielle Franco. Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisão

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Foto de registro de Ronnie Lessa na P1 de Tremembé

Reprodução

O pavilhão onde Lessa está preso é conhecido por abrigar integrantes de facções criminosas. A P1 de Tremembé tem um perfil diferente da P2, onde cumprem pena o ex-jogador da Seleção Brasileira Robinho e o empresário Thiago Brennand, ambos condenados por estupro.

A informação de que ele não usufrui de banho de sol foi rebatida pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). A pasta salientou que ele desfruta do banho de sol, mas em pátio reservado.

O crime

Marielle Franco foi assassinada, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018. À época, ela tinha pouco mais de um ano de mandato como vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Marielle voltava de um encontro de mulheres negras na Lapa. Élcio emparelhou o carro que dirigia e Lessa fez os disparos. Foram 13 tiros.

Os projéteis atingiram também o motorista dela, Anderson Gomes. Lessa explicou, durante o julgamento, que, como a munição utilizada foi a 9 mm, ela tem um poder grande de “transfixar”, o que fez os disparos que acertaram Marielle também chegarem ao corpo do motorista.

A assessora de imprensa da parlamentar, Fernanda Chaves, que estava ao lado de Marielle no carro, foi ferida por estilhaços, mas sobreviveu.

Após delação, Ronnie entregou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes, e o delegado Rivaldo Barbosa como mentor do crime. Eles negam a autoria. O processo corre no STF em uma ação penal.

 

 

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