Lula condena massacre de Israel contra filhos de médica
Brasília – A tragédia que arrasou a família da médica Alaa Al-Najjar virou símbolo da barbárie em curso na Faixa de Gaza. Nove de seus dez filhos foram mortos por um ataque aéreo israelense no sábado (24 de maio) em Khan Younis.
No dia seguinte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com dureza: classificou o ataque como “vergonhoso e covarde” e expôs o caráter vingativo e genocida da ofensiva de Israel contra a população palestina.
A médica palestina estava de plantão no Hospital Nasser quando a casa da família foi atingida. Sobreviveram apenas o marido, o também médico Hamdi Al-Najjar, e o único filho que escapou da chacina. Ambos seguem internados em estado crítico no mesmo hospital. As crianças mortas tinham entre 1 e 12 anos.
“A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina, Alaa Al-Najjar, como consequência de ataque aéreo do governo de Israel, é mais um ato vergonhoso e covarde”, escreveu Lula nas redes sociais.
Genocídio transmitido ao vivo
O presidente voltou a dizer o que boa parte do mundo finge não enxergar: o que se passa em Gaza não é autodefesa, nem combate ao terrorismo. Segundo Lula, trata-se de vingança cega e sistemática, uma limpeza étnica disfarçada de operação militar.
“Já não se trata de direito de defesa, combater o terrorismo ou buscar a libertação dos reféns em poder do Hamas. O que vemos em Gaza hoje é vingança.”
E foi além: afirmou que o objetivo é expulsar os palestinos de sua terra, por meio da destruição total das condições mínimas de sobrevivência.
“O único objetivo da atual fase desse genocídio é privar os palestinos das condições mínimas de vida com vistas a expulsá-los de seu legítimo território”, declarou.
Crianças como alvos
Não é exagero. De acordo com a ONU, mais de 15 mil crianças palestinas já foram mortas desde o início da ofensiva israelense em outubro de 2023, após os ataques do Hamas. O caso da família Al-Najjar escancarou o drama de milhares de pais e mães palestinos: perder seus filhos em bombardeios indiscriminados, enquanto o mundo “democrático” debate a semântica entre “genocídio” e “legítima defesa”.
O ataque foi confirmado pelo Exército de Israel, que disse mirar uma “estrutura” próxima de seus soldados. Alegaram ainda que civis haviam sido retirados da área antes do bombardeio — uma tentativa desesperada de justificar o injustificável. Agora, dizem investigar as mortes, como se fosse possível apagar nove corpos infantis da cena do crime.
Silêncio internacional, conivência ativa
A postura de Lula, embora criticada por setores pró-Israel, se alinha à crescente indignação global. Países como Espanha, Irlanda e Noruega já reconheceram formalmente o Estado da Palestina, em resposta ao massacre contínuo em Gaza. O Brasil, no entanto, ainda tenta manter um frágil equilíbrio diplomático.
Enquanto isso, os Estados Unidos seguem bancando as bombas. De cada explosão que reduz uma casa palestina a escombros, há um rastro de dólares, armas e impunidade.
Para além da retórica, o mundo assiste em tempo real a uma tragédia anunciada: Gaza virou laboratório de morte, onde se testam os limites da indiferença internacional — e o silêncio cúmplice tem custo em vidas.
O Carioca esclarece
Quem é Alaa Al-Najjar e por que sua história virou símbolo?
A médica palestina perdeu 9 de seus 10 filhos em um ataque aéreo israelense. Sua tragédia familiar expôs ao mundo o nível de desumanidade da ofensiva militar em Gaza.
Qual foi a reação do presidente Lula?
Lula condenou o massacre com veemência, classificando-o como vingança e genocídio. Para ele, a ofensiva de Israel perdeu qualquer justificativa legítima.
Como o caso impacta a imagem de Israel no mundo?
O episódio aprofunda o isolamento diplomático de Israel, que já enfrenta acusações de crimes de guerra e crescente repúdio de governos e instituições internacionais.
O que isso revela sobre a política externa brasileira?
A declaração de Lula sinaliza uma postura crítica e independente diante da hegemonia ocidental, reforçando o compromisso com os direitos humanos e o direito internacional.