Carlo Ancelotti chega ao Rio de Janeiro usando boné da CBF

Rio de Janeiro – A Era Ancelotti começou, mesmo sem coletiva, tapete vermelho ou calor de torcida. Carlo Ancelotti, 65 anos, chegou neste domingo (25 de maio) ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para enfim vestir a camisa que carrega a camisa mais pesada do futebol mundial: a da Seleção Brasileira.

Ao seu lado, Diego Fernandes, executivo responsável por costurar a negociação, celebrou a chegada como quem entrega um troféu. A foto dos dois lado a lado resume meses de articulações silenciosas entre Brasil, Itália e Espanha, que culminaram no acerto com um dos técnicos mais respeitados do planeta.

CARLO ANCELOTTI (novo técnico da Seleção Brasileira) com sua família e DIEGO FERNANDES desembarcam no Galeão (GIG), no RJ - FOTOS: ROBERTO FILHO / BRAZIL NEWS.
CARLO ANCELOTTI (novo técnico da Seleção Brasileira) com sua família e DIEGO FERNANDES desembarcam no Galeão (GIG), no RJ – FOTOS: ROBERTO FILHO / BRAZIL NEWS.

Ancelotti será o primeiro estrangeiro a comandar a Seleção mais vitoriosa do mundo. E essa imagem representa exatamente isso: um ponto de partida, um novo ciclo, conduzido com profundo respeito à história — e a coragem para escrever uma nova era.

Sob um esquema de segurança digno de chefe de Estado — e com apenas um único torcedor à espera — o italiano desembarcou às 20h50, vindo de Madri, e saiu discretamente pelo Salão Nobre, sem dar um único “ciao” aos jornalistas confinados à distância.

Apesar do silêncio na chegada, o ruído é grande. Nesta segunda (26/5), Ancelotti será apresentado oficialmente pela CBF e fará sua primeira convocação como técnico da Seleção, às 15h, abrindo os trabalhos para os próximos jogos das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo.


Ancelotti chega cercado por bastidores e blindagem

O técnico não veio só. Além da família — que desembarcou surpresa com a presença da imprensa — Ancelotti traz na bagagem a chancela da elite europeia e o selo de confiança da CBF, que tratou sua contratação como uma operação diplomática.

A intermediação do acordo ficou nas mãos do empresário Diego Fernandes, com quem o técnico apareceu em foto antes do embarque. O voo, aliás, se transformou em fenômeno digital: chegou a ser o mais rastreado do planeta em uma plataforma de aviação, com 15 mil usuários acompanhando em tempo real o pouso do novo comandante da Seleção.

CARLO ANCELOTTI (novo técnico da Seleção Brasileira) com sua família e DIEGO FERNANDES desembarcam no Galeão (GIG), no RJ - FOTOS: ROBERTO FILHO / BRAZIL NEWS.
CARLO ANCELOTTI (novo técnico da Seleção Brasileira) com sua família e DIEGO FERNANDES desembarcam no Galeão (GIG), no RJ – FOTOS: ROBERTO FILHO / BRAZIL NEWS.

Estreia de Ancelotti será em jogo decisivo

A estreia de Ancelotti está marcada: será no dia 5 de junho, às 20h, contra o Equador, em Guayaquil. Depois, o Brasil enfrenta o Paraguai, no dia 10, às 21h45, na Neo Química Arena, em São Paulo.

Em campo, Ancelotti vai precisar fazer mais do que repetir esquemas europeus. Herdando um elenco fragmentado, uma torcida desconfiada e uma CBF sob questionamentos, ele terá o desafio de dar rumo a uma seleção que parece ter perdido o prumo desde 2014 — ou talvez desde 2002.


Da Champions à Seleção: legado e expectativa

Ancelotti não chega como promessa. Chega como mito. Em sua última passagem pelo Real Madrid (2021–2024), acumulou taças como quem coleciona figurinhas: duas Champions League, duas LaLiga, duas Supercopas da UEFA, Supercopa da Espanha, Mundial de Clubes, Intercontinental e Copa do Rei.

No sábado (24/5), se despediu com vitória por 2 a 0 sobre a Real Sociedad e foi ovacionado no Santiago Bernabéu. Lágrimas, homenagens e um adeus emocionado. Aqui, encontrou frieza institucional.


Uma seleção entre o colapso e a reconstrução

O que Ancelotti encontra no Brasil? Um país dividido, uma torcida descrente e um futebol que alterna brilho individual e apagões coletivos. O treinador chega sem falar português, sem conhecer os bastidores do futebol local e com a missão de reconstruir não apenas um time, mas um projeto de nação futebolística.

A CBF aposta em um estrangeiro como salvador da pátria — uma escolha que diz mais sobre a crise interna do que sobre qualquer revolução tática. Se Ancelotti falhar, será o técnico que não entendeu o Brasil. Se vencer, será o europeu que teve que ensinar o Brasil a ser o Brasil.


O Carioca esclarece

Quem é Carlo Ancelotti?
Técnico italiano, ex-Real Madrid, com carreira vitoriosa na Europa e agora comandante da Seleção Brasileira.

O que muda com Ancelotti na Seleção?
Muda a abordagem: mais pragmatismo, experiência europeia e um distanciamento das panelinhas da bola brasileira.

Quais as consequências para a CBF?
Se der certo, a entidade se fortalece politicamente. Se der errado, reforça a imagem de amadora e desconectada da realidade do futebol nacional.

Como isso afeta o futebol brasileiro?
Reacende debates sobre técnicos estrangeiros, identidade tática e a relação entre CBF e os clubes.


O Brasil embarca hoje não em um avião — mas em um delírio coletivo

 

Depois de anos, de apagões, de derrotas que sangram em silêncio…
voltamos a sonhar.

Ele vem.
E não, não é pelo cifrão.
É porque sentiu o que nem nós sabemos explicar:
a camisa amarela tem alma.
Tem choro. Tem fé. Tem povo.

Carlo Ancelotti atravessa o oceano não como turista, mas como homem que aceitou pisar no altar mais sagrado e mais impiedoso do futebol mundial.
Aqui não basta vencer — tem que encantar.
Aqui, técnico é personagem de novela, mártir e herói ao mesmo tempo.

O Brasil — essa pátria apaixonada — lhe entrega a camisa mais pesada da Terra.
E ao fazer isso, entrega também sua esperança.

Bem-vindo, Mister.
Hoje, você não pousa em um país.
Você pousa no coração de 211 milhões de torcedores em estado de poesia.

Nós o recebemos com todo carinho — e desejamos boa sorte na busca pelo tão sonhado hexa.

Texto inspirado no estilo inconfundível de Nelson Rodrigues — escrito a quatro mãos: A inteligência artificial e
 Diego Fernandes

Adicionar aos favoritos o Link permanente.