Fortaleza – A saga da bolsonarista do 8 de Janeiro, que percorreu meio continente para fugir da Justiça brasileira, terminou como era de se esperar: deportada e algemada.
Cristiane de Silva, 33 anos, pousou em Fortaleza no sábado, 24 de maio, escoltada pelas autoridades brasileiras, após meses foragida nos Estados Unidos. Ela participou dos atos golpistas que vandalizaram Brasília em 8 de janeiro de 2023 e fugiu do Brasil com a ambição de escapar impune — como tantos cúmplices do bolsonarismo ainda tentam.
Sua prisão em El Paso, no Texas, ocorreu em 21 de janeiro de 2025, um dia após a posse de Donald Trump, que prometeu, mais uma vez, “fechar as fronteiras” com sua retórica xenófoba de sempre. A ironia é gritante: os mesmos que gritam “fechem tudo” nas redes sociais viram as portas se fecharem para si. Literalmente.
De Camboriú ao Texas: a fuga patética de uma extremista
Natural de Balneário Camboriú (SC), Cristiane de Silva foi presa originalmente em 9 de janeiro de 2023, no QG do Exército em Brasília, local que serviu de acampamento golpista e incubadora de delírios fascistas. Ela logo foi liberada, mas passou a ser investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a condenou a um ano de prisão por associação criminosa.
Sua pena, porém, foi convertida em prestação de serviços comunitários, pagamento de multa e participação em curso sobre democracia — o que, convenhamos, seria o mínimo para alguém que ajudou a rasgar a Constituição. Em vez disso, Cristiane escolheu o exílio. Argentina, Peru, Colômbia, Panamá e México foram parte do itinerário da fuga, antes da prisão definitiva nos EUA.
Trump no poder, racista na cadeia
O momento da prisão de Cristiane não foi acaso: um dia após Donald Trump assumir a presidência. O republicano, que é ídolo confesso do bolsonarismo e referência estética da extrema direita latino-americana, já havia avisado que apertaria o cerco contra imigrantes. Pois bem, deu no que deu.
Mesmo atrás das grades no Texas, Cristiane insistia na retórica do delírio. Em entrevista ao UOL, se disse “injustiçada”. Negou os crimes, rejeitou um acordo de não persecução penal e ainda disse acreditar que tudo não passou de uma “armadilha da esquerda”. Para completar o bingo do negacionismo, culpou “infiltrados de esquerda” pelos atos de 8 de janeiro. Ou seja: até hoje se recusa a encarar a realidade.
O bolsonarismo como passaporte para o fracasso
A deportação de Cristiane de Silva expõe o que o bolsonarismo mais teme: responsabilização. A era da impunidade militante, das “senhoras de bem” quebrando o STF e gravando selfie com a toga do golpe, começa a ruir. Ainda que lentamente.
Ela não foi a única bolsonarista a cair na rede de deportações. Outras três brasileiras que participaram dos ataques golpistas também foram presas nos EUA:
- Rosana Maciel Gomes, condenada a 14 anos de prisão
- Raquel de Souza Lopes, a 17 anos
- Michely Paiva Alves, ainda responde a processo
O caso de Cristiane é emblemático. Porque evidencia como a fé cega no mito, no golpe e no delírio ideológico não é apenas ridícula — é criminosa. E tem consequência.
O Carioca esclarece
Quem é Cristiane de Silva e por que foi deportada?
Ela é uma bolsonarista condenada por participar dos atos de 8 de janeiro e foi presa por imigração ilegal nos EUA.
Quais as consequências legais para ela agora?
Volta a responder à Justiça brasileira, com possível agravamento da pena por ter fugido do país.
Como a deportação expõe o bolsonarismo?
Mostra que a rede internacional de fuga dos golpistas não garante imunidade — e que o extremismo cobra seu preço.
Por que esse caso importa para a democracia?
Porque reforça a necessidade de responsabilização dos que atacaram as instituições em 2023.