Brasil lidera buscas por tadalafila por mulheres

São Paulo – O Brasil disparou na liderança global de buscas por tadalafila em mulheres, segundo dados recentes do Google Trends. O medicamento, indicado para disfunção erétil masculina, virou alvo de curiosidade feminina impulsionada por vídeos no TikTok e Instagram que prometem, sem qualquer embasamento científico, uma suposta revolução na libido e no desempenho sexual.

Em pleno 2025, enquanto Anvisa e médicos alertam para o uso incorreto, influenciadores digitais vendem fórmulas mágicas com frases de efeito e desinformação em cápsulas. Não à toa, perguntas como “mulher pode tomar tadalafila?”, “tadalafila aumenta o desejo feminino?” e “o que acontece se a mulher tomar tadalafila?” estão entre as que mais cresceram nas pesquisas brasileiras.


Mulheres e a erotização da indústria farmacêutica

A tadalafila é o segundo remédio mais vendido no Brasil — 64 milhões de unidades foram comercializadas só em 2024, segundo dados da Anvisa. Mas essa alta, dizem os especialistas, não tem ligação com diagnósticos médicos reais. É puro efeito colateral do marketing selvagem disfarçado de entretenimento.

Enquanto a ciência diz que a tadalafila atua diretamente em estruturas do pênis, sem equivalentes comprovadas no corpo feminino, a lógica do mercado é outra: o que vende é o que promete prazer fácil, imediato, sem receita — e com filtro de Instagram.

A narrativa do “viagra feminino” se alimenta da mesma engrenagem que patologiza corpos femininos, cria demandas artificiais e transforma insegurança em lucro. E o algoritmo ajuda.


Nenhuma evidência, muitos riscos

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, não há qualquer comprovação de eficácia ou segurança no uso da tadalafila por mulheres. O risco de efeitos colaterais é real: dores de cabeça, alterações na pressão, náuseas e até problemas cardiovasculares, especialmente se a automedicação se juntar a outros estimulantes vendidos como “naturais”.

O mais alarmante, segundo médicos ouvidos pelo Diário Carioca, é que a busca por tadalafila entre mulheres não parte de prescrição médica, mas da promessa de performance sexual — como se o desejo fosse algo corrigível por remédio e não por liberdade, autoconhecimento e saúde emocional.


TikTok e o desejo sob vigilância

No centro dessa explosão de interesse está o ecossistema das redes sociais. Vídeos que viralizam com dicas de “hacks sexuais” e influenciadoras ostentando comprimidos como batons criaram uma estética do prazer químico — onde tudo é resolvido com cápsulas coloridas e nenhum cuidado com evidências.

O culto ao desempenho transformou o desejo feminino em mais um nicho de consumo farmacêutico. Sem debate público, sem regulação clara, o que sobra é uma enxurrada de conteúdo raso com consequências potencialmente perigosas para a saúde coletiva.


Médicos alertam: não tome por conta própria

“É absolutamente irresponsável sugerir o uso da tadalafila para mulheres sem indicação médica”, afirma a doutora Mariana Lobo, endocrinologista da UFRJ. “Estamos vendo um fenômeno de marketing viral travestido de empoderamento, que na prática coloca mulheres em risco.”

A médica reforça que, ao contrário da disfunção erétil masculina, a libido feminina não é um fenômeno puramente físico — e qualquer tentativa de reduzi-lo a uma reação química isolada é cientificamente frágil e eticamente questionável.


O Carioca esclarece

O que é a tadalafila?
É um medicamento indicado exclusivamente para tratar disfunção erétil em homens, atuando no relaxamento dos vasos sanguíneos do pênis.

Mulheres podem tomar tadalafila?
Não há evidência científica de eficácia ou segurança no uso por mulheres. Médicos desaconselham o uso fora de prescrição médica.

Por que o Brasil lidera as buscas sobre o tema?
A combinação entre redes sociais, erotização da saúde e cultura da automedicação impulsiona o interesse, especialmente entre mulheres jovens.

Quais os riscos de usar tadalafila sem indicação?
Efeitos colaterais incluem náuseas, tontura, dor de cabeça, alterações cardíacas e interação perigosa com outras substâncias.

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