Com a chegada das baixas temperaturas em alguns lugares do Brasil, a ocorrência de gripe se torna cada vez mais comum entre a população. Entre as principais características da doença está a incômoda mudança na voz. Gripado, falar parece mais difícil e o som sai arrastado, anasalado e até rouco.
Leia também
-
Saúde
Gripe: influenza A avança no Brasil e 20 estados estão em alerta
-
Claudia Meireles
Sopa anti-inflamatória “espanta” gripe e reduz o inchaço; aprenda
-
Saúde
Gripe, síndrome respiratória ou pneumonia? Entenda a diferença
-
Saúde
Saiba como proteger as crianças de doenças respiratórias no outono
Apesar do que muitas pessoas acreditam, o processo de transformação da voz durante a gripe não é afetado somente pelo entupimento do nariz. Fadiga corporal, ressecamento da garganta e até confusão mental podem estar entre os fatores envolvidos.
“Quando estão gripadas, as pessoas tendem a ficar mais cansadas por precisarem respirar somente pela boca, favorecendo uma fala mais lentificada e menos articulada, ocasionando também um ressecamento da faringe e da laringe. Esse padrão respiratório proporciona irritação na garganta, impactando as pregas vocais”, explica a coordenadora do curso de fonoaudiologia Caroline Rondina, da Universidade Católica de Brasília.
Geralmente, os antigripais utilizados para combater a gripe causam sonolência e lentidão, dificultando a concentração e o processamento rápido de informações. A junção desses fatores modifica a fala.
Por que não forçar a voz e quando se preocupar
Quando percebem alterações na voz, muitas pessoas insistem em tentar falar mais alto, pigarrear, tossir ou até sussurrar. No entanto, isso pode piorar ainda mais o quadro. Tosse e pigarro constantes causam choques repetidos nas cordas vocais, levando a lesões, inflamações mais severas ou até nódulos vocais.
“Sussurrar também irrita a região, fazemos um esforço em excesso para evitar que uma prega vocal encoste na outra. Se estivermos roucos ou com dor, o ideal é descansar o máximo que der a voz, além de manter uma boa hidratação”, diz a fonoaudióloga com especialização em voz Gabriela Galvão, da clínica Otorrino Brasília.
A persistência da rouquidão por mais de 10 ou 15 dias após a gripe pode indicar problemas mais sérios, como inflamações crônicas ou lesões que exigem tratamento específico. “Geralmente, a rouquidão provocada pela gripe é discreta e temporária, acompanhada de outros sintomas leves como coriza e tosse. Em caso de persistência do sintoma depois da recuperação, é fundamental procurar um médico”, ressalta o otorrinolaringologista Adriano Damasceno Lima, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Inalações ajudam a melhorar alteraçõs vocais durante a gripe
Como cuidar da voz durante a gripe
Para proteger a voz, a principal recomendação é a hidratação constante, de preferência com água em temperatura ambiente. Evite o uso de sprays anestésicos, pois ao invés de ajudar, eles mascaram a dor, incentivando o uso incorreto da voz. Inalações com vapor de água morna ou soro fisiológico ajudam na recuperação.
É importante reduzir o consumo de álcool, café e alimentos ácidos ou apimentados para não irritar ainda mais o trato vocal. Nessas condições, não é recomendável frequentar ambientes com fumaça, poeira e cheiros fortes. Manter o pescoço aquecido para proteger a musculatura da região também é essencial.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!