Donald Trump envia Guarda Nacional a Los Angeles e carros são queimados

Los Angeles, EUA – 8.jun.2025 – A cidade de Los Angeles voltou a ser palco de tensos confrontos neste domingo (8), após a chegada de tropas da Guarda Nacional enviadas sob ordem direta do presidente Donald Trump.

A medida, contestada pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, tem como alvo protestos contra as recentes operações de deportação conduzidas por agentes federais de imigração (ICE).

Escalada militar sem aval do governo local

Trump determinou a mobilização de 2 mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, mesmo diante da oposição expressa do governador democrata. A medida reacende um debate jurídico e institucional sobre os limites do poder presidencial em tempos de protesto civil.

“Donald Trump tenta federalizar tropas estaduais como forma de impor sua agenda anti-imigratória e autoritária”, afirmou Newsom em carta assinada por outros governadores democratas. Eles classificaram a ação como um “abuso alarmante de poder”.

Embora o presidente não tenha invocado a Lei de Insurreição de 1807, usada em casos de rebelião, utilizou uma brecha legal que permite a federalização da Guarda Nacional em situações de suposta ameaça à ordem. A constitucionalidade da ação segue em disputa.

Repressão com gás e balas de borracha

Horas após a chegada das tropas a Los Angeles, manifestantes foram dispersados com gás lacrimogêneo e balas de borracha nas imediações do Centro de Detenção Metropolitano. Centenas protestavam contra as deportações em massa e o uso de força militar para reprimir civis.

Imagens mostraram tropas retirando manifestantes da rodovia 101, bloqueada por protestos. Veículos com tecnologia de direção autônoma foram incendiados e ao menos sete pessoas foram presas. A escalada é a mais grave desde os atos contra o assassinato de George Floyd, em 2020.

Trump compartilhou vídeos da ação militar em suas redes sociais e escreveu: “Instruí nossas tropas a tomarem todas as medidas necessárias para libertar Los Angeles da invasão migrante”.

Antecedentes e paralelos históricos

Não é a primeira vez que Trump recorre a tropas militares contra manifestações. Em 2020, ordenou repressão a protestos em Washington D.C. e ameaçou invocar a Lei de Insurreição. Foi contido pelo então Secretário de Defesa, Mark Esper. Agora, no entanto, ele age com respaldo do atual secretário Pete Hegseth, que ameaça mobilizar fuzileiros navais se os protestos persistirem.

Historicamente, a mobilização federal da Guarda Nacional ocorreu para proteger minorias ou em situações de desastre. O uso contra civis em protesto representa uma inflexão autoritária.

Legalidade contestada

A Guarda Nacional é uma força híbrida: tem comando estadual, mas pode ser federalizada. No entanto, a lei exige participação do governador. O especialista em direito militar Steve Vladeck alerta que o presidente está forçando os limites legais.

Segundo Vladeck, ações como a de Trump podem abrir precedente para uso militar interno sem aval civil. “Trump tenta transformar a imigração em justificativa permanente para suspensão de garantias democráticas”, afirmou.

O Carioca Esclarece

Trump pode mobilizar a Guarda Nacional sem o governador?
A legalidade é controversa. A lei exige participação dos governadores, mas Trump usou uma interpretação ampliada para federalizar as tropas. O caso pode parar na Suprema Corte.

O que diferencia esta ação de outras mobilizações militares nos EUA?
Ao contrário de situações como pandemias ou desastres naturais, desta vez as tropas foram usadas para reprimir civis em protestos. O objetivo é político e ideológico.

Qual o impacto para a democracia dos EUA?
O uso de forças militares contra protestos representa um enfraquecimento das garantias democráticas e abre caminho para uma administração com traços autoritários.

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