O ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a revisar e modificar um documento que sugeria reverter o resultado das eleições de 2022. Segundo Cid, o texto previa, inclusive, a prisão de autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com o depoimento, o documento propunha a anulação do pleito que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e previa a criação de uma comissão eleitoral para conduzir novas eleições. Cid relatou que Bolsonaro teria feito alterações no texto, retirando trechos que mencionavam a prisão de algumas pessoas.
“De certa forma, ele enxugou o documento, retirando autoridades das prisões, ficando somente o senhor como preso. O resto…”, disse Cid. Em tom irônico, Moraes respondeu: “O resto foi conseguindo um habeas corpus”.
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Garnier era um dos mais “radicais”
Cid, durante interrogatório no STF, explicou que não havia grupos organizados que se reunissem para discutir um golpe, mas sim pessoas que procuravam o então presidente para sugerir essa possibilidade.
Ao ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre quais réus eventualmente atuaram a favor de um golpe, Cid confirmou alguns nomes.
“Os grupos não eram organizados. Era cada um com sua ideia. Não existia uma organização e nem reuniões. Não eram grupos organizados que iam junto ao presidente. Eram pessoas que levavam ideias. Tinham dos mais conservadores aos mais radicais”, afirmou.
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Sobre Garnier, Cid disparou: “Classifiquei entre um dos mais radicais”. Já em relação a outros nomes, apontou pessoas que agiam de forma mais moderada, como o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
Logo após Cid declarar que Garnier era uma dos mais radicais, os advogados dele se movimentaram em plenário. Um dos advogados sentado na plateia foi até Demóstenes Torres, que está ao lado do ex-comandante da Marinha, e cochichou ao ouvido dele, enquanto o defensor mexia em papeis.