Somente um país é autossuficiente e produz alimentos nos sete grupos essenciais para uma dieta equilibrada: a Guiana. A descoberta vem de um estudo publicado no último mês de maio na revista Nature Food, com dados da Universidade de Edimburgo e da Universidade de Göttingen, que analisou a capacidade de 186 países de se sustentarem sozinhos quando o assunto é alimentação.
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A análise levou em conta alimentos como vegetais, frutas, grãos integrais, carnes, peixes, leguminosas e laticínios. A maioria dos países depende fortemente de importações para garantir uma alimentação saudável à sua população, e muitos ainda importam a maior parte desses produtos de apenas um país, o que aumenta a vulnerabilidade em caso de crises ou rupturas comerciais.
Mesmo uniões econômicas, como as do Caribe e da África Ocidental, não conseguem atender totalmente à própria demanda interna, produzindo no máximo dois grupos alimentares. Blocos como o Conselho de Cooperação do Golfo, no Oriente Médio, são autossuficientes apenas em carne.
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Produção de alimentos na América Latina
Na América Latina, destaca-se a boa produção de frutas, mas isso não basta. A exportação em grande escala pode reduzir o consumo interno de nutrientes importantes, como a vitamina C. As projeções até 2032 mostram pouco avanço na produção de laticínios e peixes na região.

A posição dos países mencionados no estudo é a seguinte:
- 1º lugar – Guiana: único país autossuficiente nos 7 grupos alimentares.
- 2º lugar – China e Vietnã: produzem 6 dos 7 grupos.
- Últimos lugares – Afeganistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Macau, Catar e Iêmen: não são autossuficientes em nenhum grupo.
- Brasil: não foi citado entre os mais autossuficientes, apesar do estudo mencionar a América Latina.
De acordo com um dos autores, Jonas Stehl, o comércio internacional de alimentos e a cooperação são essenciais para dietas saudáveis e sustentáveis:
No entanto, a forte dependência de importações de países isolados pode deixar as nações vulneráveis.
Enquanto isso, o pesquisador Alexandre Vonderschmidt diz que os choques climáticos estão remodelando o setor agrícola e continuarão a se intensificar.
O comércio aberto e a inovação são essenciais para garantir dietas saudáveis e de baixo carbono.
Então os autores destacam a autossuficiência alimentar como um desafio global e não uma realidade para a maioria dos países, inclusive o Brasil, e ressaltam a necessidade de estimular a produção local diversificada e fortalecer a cooperação internacional.
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