14/06/2025 – Brasília e Rio de Janeiro – A ex-deputada Joice Hasselmann fez uma revelação estarrecedora sobre os bastidores do governo Bolsonaro. Em entrevista ao canal MyNews, ela afirmou que foi alertada pelo então vice-presidente Hamilton Mourão de que uma minuta golpista estava pronta, esperando apenas a assinatura do próprio presidente.
‘Só falta assinar’, disparou Mourão, segundo Joice, que à época exercia a função de líder do governo no Congresso. A informação, segundo ela, foi o estopim para abandonar o cargo e se afastar de vez do bolsonarismo.
Mano, olhem isso, a Joyce dizendo aos ventos que Mourão disse para ela que a minuta do golpe estava na gaveta do Bolsonaro e ela vai na casa do Dias Toffoli e entrega todo mundo sem prova alguma.
Por que não processam essa mulher? pic.twitter.com/YaTzfyfHnE
— Drink de Grafeno ®
(@BlogPequi) June 14, 2025
Golpe desenhado dentro do governo
Ao saber da existência do documento, Joice procurou diretamente o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). O encontro, segundo ela, aconteceu na casa do magistrado, em pleno sábado. A cena foi digna de filme: som alto para evitar possíveis escutas e um clima de absoluto receio.
“Falei: ‘Toffoli, preciso falar com você’. Ele colocou música alta, parecia cena de filme. Contei tudo, mesmo sem ter prova material. Disse: ‘Vocês se preparem, porque não é brincadeira. O Bolsonaro é louco e é capaz de fazer isso’”, relatou a ex-deputada.
A descrição que ela faz do documento é ainda mais perturbadora: um rascunho de um novo Ato Institucional, nos moldes da ditadura militar, preparado para viabilizar um golpe de Estado.
O silêncio ensurdecedor do Planalto
Ainda segundo Joice, Mourão foi direto e categórico: “Só falta ser assinada.” A frase, curta e objetiva, revela o grau de naturalização do golpismo dentro do governo.
A relação de Hasselmann com o núcleo duro do bolsonarismo, especialmente com os filhos do ex-presidente, já estava deteriorada. Ela não economizou nas críticas: “O Eduardo Bolsonaro sempre me odiou e eu retribuo com gentileza. Não tenho ódio, tenho desprezo.”
Ambiente tóxico, ameaças e pressão
Joice afirmou que condicionou sua saída do governo à aprovação da reforma da Previdência, mas o ambiente no Palácio do Planalto era insustentável, dominado por uma ala ideológica radical e golpista.
Sobre o encontro com Toffoli, ela afirmou que, apesar das diferenças políticas e pessoais, ele ouviu atentamente e prometeu levar o alerta aos demais ministros do STF. “Eu pedi que ele compartilhasse isso. Não podia correr o risco disso acontecer. Eu alertei o Supremo.”
O projeto autoritário não era teoria da conspiração. Estava desenhado, discutido e pronto para ser executado.
O Carioca Esclarece:
A chamada “minuta do golpe” tornou-se peça central nas investigações que desmontaram a tentativa de ruptura democrática liderada por Jair Bolsonaro e aliados. Documentos e delações posteriores confirmaram que havia planos concretos para cancelar eleições e impor medidas de exceção no país.
Perguntas que todo mundo está fazendo
1. Mourão realmente confirmou a existência da minuta?
Segundo o relato de Joice Hasselmann, sim. A frase “só falta assinar” teria sido dita diretamente por ele, deixando claro o conhecimento prévio da conspiração.
2. O que era essa minuta?
Um documento que previa a decretação de estado de sítio, suspensão de poderes e a implementação de um novo Ato Institucional, nos moldes da ditadura militar.
3. O STF foi avisado?
Sim. Joice Hasselmann afirma ter procurado pessoalmente o ministro Dias Toffoli, que ouviu o relato e prometeu compartilhar com os demais ministros.
4. Por que Joice não denunciou publicamente na época?
Ela afirma que, mesmo rompendo com o governo, temia pela própria segurança e optou por comunicar as autoridades competentes, como o STF, buscando evitar que o golpe se concretizasse.
