Brasília, 14 de junho de 2025 — A disputa por poder no clã Bolsonaro ganhou um novo capítulo que promete redesenhar o tabuleiro eleitoral de 2026. O ex-presidente Jair Bolsonaro comunicou pessoalmente à deputada Júlia Zanatta (PL‑SC) que sua prioridade é lançar o filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL‑RJ), ao Senado. A decisão pegou aliados de surpresa e acendeu um incêndio interno no Partido Liberal (PL).
A informação foi revelada após uma ligação direta de Bolsonaro para Zanatta no início de junho. Na conversa, o ex-presidente deixou claro que ela deveria desistir de seu projeto de disputar o Senado por Santa Catarina e focar na reeleição como deputada federal. O recado foi entendido como um veto político — e não foi bem recebido.
Pressão e risco de saída do partido
Inconformada, Júlia Zanatta começou a dialogar com outras legendas, como PP e União Brasil, e agora cogita seriamente deixar o PL. Segundo apurou o Diário Carioca, interlocutores próximos relataram que a parlamentar se sentiu “traída” pela condução do ex-presidente, que teria rompido acordos internos previamente alinhados.
A movimentação bolsonarista não desagrada apenas a deputada. A cúpula do PL observa com crescente desconforto a estratégia de priorizar cargos majoritários para membros da família Bolsonaro, enquanto aliados regionais ficam relegados a segundo plano.
Carlos Bolsonaro fora do Rio?
Um dos pontos que mais chamou atenção é o fato de Carlos Bolsonaro, cuja base eleitoral é o Rio de Janeiro, cogitar disputar o Senado por Santa Catarina — ou até mesmo por São Paulo. O movimento escancara fissuras internas no clã e atropela as lógicas partidárias e eleitorais.
No Rio de Janeiro, Carlos não tem espaço: o irmão Flávio Bolsonaro tentará a reeleição ao Senado. Já em São Paulo, a vaga da família estaria supostamente reservada para Eduardo Bolsonaro, salvo uma reviravolta que o coloque na disputa pela Presidência da República — hipótese que voltou a circular nos bastidores.
Guerra interna no bolsonarismo
A composição arquitetada por Jair Bolsonaro inclui não apenas Carlos como candidato ao Senado, mas também a deputada Caroline de Toni (PL-SC) como possível vice ou em outro cargo de relevo na chapa catarinense. Essa engenharia política, no entanto, ampliou tensões e abriu uma guerra surda por espaços.
A disputa é também entre irmãos. As movimentações de Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro revelam um embate silencioso, mas cada vez mais visível, por protagonismo no projeto político da família.
Para lideranças do PL, o risco é claro: o excesso de candidaturas familiares pode gerar desgaste, fragmentação de votos e perda de apoios regionais. “Estão confundindo o partido com empresa familiar”, ironizou um dirigente ouvido em condição de anonimato pelo Diário Carioca.
Xadrez eleitoral incerto
A crise envolvendo Júlia Zanatta ainda não tem desfecho. Caso ela realmente deixe o PL, o partido perde uma das vozes mais fiéis da bancada catarinense e abre espaço para reconfigurações que podem enfraquecer a legenda no estado.
Enquanto isso, o bolsonarismo segue seu jogo duplo: tenta ampliar sua influência no Congresso, mas, ao mesmo tempo, se enreda em disputas internas que colocam em xeque sua coesão e sua viabilidade eleitoral para 2026.
O Diário Carioca seguirá acompanhando os desdobramentos deste racha que expõe, mais uma vez, os bastidores turbulentos do bolsonarismo.
O Carioca Esclarece: A candidatura de Carlos Bolsonaro por outro estado além do Rio é juridicamente possível, mas politicamente controversa e depende de domicílio eleitoral até 2026.
Entenda o Caso
Carlos Bolsonaro pode ser candidato ao Senado por outro estado?
Sim, desde que comprove domicílio eleitoral no estado até o prazo de registro das candidaturas em 2026.
Por que Júlia Zanatta quer deixar o PL?
Porque Bolsonaro priorizou a candidatura de Carlos ao Senado, inviabilizando o projeto dela em Santa Catarina.
Qual a estratégia do clã Bolsonaro para 2026?
O objetivo é garantir cadeiras no Senado e na Câmara para manter influência no Congresso. No entanto, há sobreposição de candidaturas que gera atritos internos.