As Polícias Militar e Civil investigam os policiais militares envolvidos na ocorrência da noite da última sexta-feira (13/6), que matou, com três tiros de fuzil, um homem em situação de rua, no bairro da Sé, no centro de São Paulo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado e analisa as imagens das câmeras corporais do agentes, assim como os seus depoimentos, oitivas de testemunhas e os laudos que compõem o conjunto probatório anexado ao inquérito.
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A pasta ainda reforçou que em todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial, tipificação do caso envolvendo a morte de sexta, são instauradas comissões de “mitigação de riscos”, que analisam as ocorrências para identificar possíveis irregularidades.
Ainda de acordo com a SSP, esses casos são investigados pelas Polícias Civil e Militar, além de serem acompanhados pelas respectivas corregedorias, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário.
Em nota enviada anteriormente ao Metrópoles, a secretaria também afirmou que o caso estava sendo investigado pela divisão de homicídios do DHPP.
Morte de homem em situação de rua
- Na versão oficial da Polícia Militar (PM), confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), o homem em situação de rua foi abordado na noite da última sexta-feira (13/6) em “atitude suspeita”, na Rua das Figueiras, no bairro da Sé, centro de São Paulo.
- Ele reagiu à abordagem e tentou tirar a arma de um dos policiais envolvidos na ocorrência. Neste momento, os outros agentes dispararam na direção dele.
- O homem morreu após ser atingido por três tiros de fuzil. Um na cabeça e dois no tórax.
- Ao Metrópoles, um policial militar que chegou posteriormente na cena do crime contou que não foi bem isso que aconteceu, visto que o homem não teria reagido, além de que os três tiros de fuzil teria configurado um caso de excesso.
- A vítima baleada também não estaria armada e os policiais teriam demorado mais que o habitual para acionar o socorro.
- Sobre as câmeras corporais, alguns dos agentes não acionaram o equipamento corretamente ou esconderam as câmeras para não pegar a totalidade da ação. Em relação à essa alegação, a SSP diz que não tem acesso às imagens, mas que elas foram inseridas em um inquérito policial que investiga o ocorrido.
Segundo a pasta, o baleado chegou a ser atendido e foi encaminhado ao PS da Santa Casa de Misericórdia, onde faleceu.
Ainda de acordo com o SSP, a arma do policial foi apreendida e encaminhada à perícia. O caso foi registrado como resistência e morte decorrente de intervenção policial pela Divisão de Homicídios do DHPP. Diligências estão em andamento visando o total esclarecimento dos fatos.
Policiais inexperientes
O policial ouvido pela reportagem – que preferiu não se identificar – contou que três dos quatro policiais envolvidos na ocorrência não são experientes, e que dois deles nem poderiam estar em uma viatura da Força Tática, usada na ação policial, visto que estão em estágio probatório.
O único policial experiente é um cabo que está próximo da aposentadoria. No primeiro registro da ocorrência, ele aparece como um dos membros da equipe. Já no segundo – versão oficial enviada ao governo – ele é retirado. A fonte ouvida pelo Metrópoles conta que a mudança se configura como fraude processual e que a alteração foi possível após a mudança de escala da equipe.
O cabo experiente estava na função de motorista e não desceu para abordar o homem em situação de rua. Os outros três foram até a vítima e realizaram a abordagem que acabou na morte do baleado.
Além disso, a testemunha conta que outras viaturas do 7° BPM e do 7° Baep foram ao endereço e alteraram a cena do crime.