Essequibo: na Guiana, Lula ignora disputa promovida pela Venezuela

 

Depois de participar de uma reunião com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, nessa quinta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento à imprensa na cidade de Georgetown, capital do país. No discurso, ele ignorou as tentativas de a ditadura venezuelana invadir a região de Essequibo, porção oeste do território guianense.

Em 2015, a empresa energética norte-americana ExxonMobil descobriu petróleo na região de Essequibo. As reservas têm potencial de chegar a 11 bilhões de barris. Isso colocaria a Guiana entre os países com as maiores reservas petrolíferas per capita do mundo.

Desde então, o território de Essequibo tem sido reivindicado pela Venezuela, que argumenta que o Rio Essequibo é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era Capitania Geral do Império Espanhol.

Recentemente, em 3 de dezembro, o ditador Nicolás Maduro fez um plebiscito pela anexação de Essequibo à Venezuela. Ao todo, 20,7 milhões receberam a orientação de votar no referendo, que contou com a participação de apenas 10 milhões. A maioria dos venezuelanos concordou com a anexação do território. A tensão entre os dois países tem aumentado desde a convocação do plebiscito.

Lula fala sobre o Hamas

Lula afirmou que o Brasil não quer conflito com nenhum país do mundo. O petista falou sobre as medidas de integração com a Guiana e as classificou como “esforços” para garantir que a América do Sul se torne uma “zona de paz” no mundo. Na visão de Lula, o Brasil pode se posicionar como pacificador para evitar eventuais “guerras desnecessárias” no continente.

“Esse é o papel que o Brasil pretende jogar na América do Sul e no mundo, pois todos sabem que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todos sabem que o Brasil é contra o que está acontecendo em Gaza, da mesma forma que fomos contra o ataque terrorista do Hamas”, disse Lula, em discurso. “E todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer conflito com nenhum país do mundo”.

As declarações de Lula ocorrem em meio a uma crise diplomática com Israel, que foi desencadeada depois do petista comparar as ações militares de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto nazista, que matou 6 milhões de judeus. O presidente brasileiro passou a ser considerado persona non grata pelo governo israelense.

O país judaico está em guerra com o grupo terrorista Hamas desde 7 de outubro de 2023. Mesmo com a tensão entre Brasil e a nação judaica, o presidente se recusa a se retratar por suas declarações. Um pedido de impeachment contra o petista por crime de responsabilidade foi assinado por 140 deputados.

Lula deve participar da reunião da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em São Vicente e Granadina, que será realizada nesta sexta-feira (1º). O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, também vai estar presente no encontro.

Fonte: Revista Oeste

Foto: Mateus Bonomi/Estadão

Adicionar aos favoritos o Link permanente.