J&F mantém discurso de coação, mesmo tendo recuado em audiência no STF

Beneficiada pela decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, de suspender o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões de seu acordo de leniência, a J&F tem se comportado contraditoriamente sobre suas principais críticas ao acordo.

Assim como fez a Toffoli, a empresa tem mantido o discurso à imprensa de que foi coagida a fechar um acordo de leniência em condições supostamente draconianas com o Ministério Público Federal.

Na nota que tem distribuído a jornalistas para comentar a tentativa dos fundos de pensão da Caixa e da Petrobras, Funcef e Petros, de reverter a decisão do ministro, a J&F, do mesmo modo, sustentou que “a imposição da destinação de R$ 1,75 bilhão para cada fundo de pensão é uma evidência clara de que não havia voluntariedade da J&F na assinatura do acordo de leniência”.

Essas alegações de coação e falta de voluntariedade, no entanto, não foram apresentadas na audiência de conciliação convocada pelo ministro André Mendonça para tratar da possibilidade de revisão dos acordos da J&F e de diversas empresas.

Mesmo depois de o ministro do STF ter consultado os representantes das companhias presentes sobre supostas coerções nos acertos com órgãos públicos, como mostrou a jornalista Malu Gaspar, os advogados da empresa não reafirmaram o argumento pela falta de voluntariedade no acordo.

Ao que parece, uma audiência na Suprema Corte destinada justamente a debater os acordos de leniência e a possibilidade de revisão deles foi o único foro em que a J&F prefere manter de fora a alegação da coação, sabe-se lá por qual motivo.

Procurada pela coluna na quarta-feira (28/2) para comentar o porquê de não ter apresentado a André Mendonça as mesmas alegações de coação em seu acordo de leniência, a J&F não respondeu.

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