Apesar de Lula, os brasileiros diferenciam a Palestina do Hamas

A Quaest fez uma pesquisa sobre a opinião dos brasileiros sobre Israel e Palestina. Os jornais deram destaque a um dos dados da sondagem: o de que a opinião favorável a Israel caiu de 52% para 39% e a desfavorável subiu de 27% para 41%. 

Vamos ao contexto e, depois, a outros dados da pesquisa. Contexto: a imprensa e o governo brasileiros se concentram na fortíssima reação militar de Israel ao ataque que sofreu. No seu antissemitismo explícito, ambos demonizam os israelenses e se baseiam no número não verificado de 30 mil mortes de civis em Gaza, fornecido por um certo “ministério da Saúde controlado pelo Hamas”. É como se Israel não tivesse matado nenhum terrorista nesses quatro meses de guerra. É como se Palestina e Hamas fossem a mesma coisa.

Agora apareceu também uma “agência de notícias palestina”. Foi esse órgão muito independente e transparente que divulgou que soldados israelenses eram responsáveis por mais de uma centena de mortes de palestinos na distribuição de ajuda humanitária que demonstrou o caos que reina em Gaza.

Os jornais fizeram um escarcéu, condenando de antemão os israelenses — mas, com o passar das horas, foi-se impondo a versão de Tel Aviv, segundo a qual a maioria das mortes se deve a pisoteamento e atropelamento pelos caminhões que transportavam a ajuda. Que os soldados que faziam a escolta do comboio atiraram apenas quando grupos se aproximaram perigosamente deles. É o que soldados fazem quando se sentem ameaçados: atiram.

A culpa de Israel no episódio, que era direta, passou a ser indireta, por não ter organizado direito a distribuição de mantimentos, e os jornais que apontaram o dedo só contra os israelenses tentam sair de fininho da história. Não aprenderam nada — ou não quiseram aprender — com aquela fake news, igualmente espalhada pelo Hamas, de que Israel havia bombardeado um hospital em Gaza, matando centenas de inocentes.

A imprensa praticamente — ou convenientemente — se esqueceu dos 130 israelenses que ainda são reféns do Hamas, entre eles mulheres e crianças, e dos foguetes que ainda continuam a ser lançados pelo grupo terrorista contra Israel. Responsabiliza-se apenas o governo israelense pela guerra, e ele certamente tem muita culpa pretérita, mas se omite um fato simples.

O fato simples é que, se o Hamas devolvesse todos os reféns, sem quaisquer condições, e parasse de lançar foguetes contra Israel, agressão que já existia antes da guerra e que continua a ser perpetrada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ficaria sem pretexto para dar continuidade à ação militar de Israel em Gaza. 

Já que o Hamas quer mesmo é que outros milhares de escudos humanos palestinos sejam mortos por Israel, para efeito de propaganda de superioridade moral contra o inimigo que quer exterminar, e como Benjamin Netanyahu, cada vez mais impopular em seu país, vê na guerra uma forma de permanecer no poder, haverá outro banho de sangue na cidade de Rafah, onde a maioria dos terroristas se entrincheira covardemente.

Voltando à pesquisa da Quaest, 60% dos brasileiros acham que Lula exagerou ao comparar o que acontece em Gaza ao que Hitler fez na Segunda Guerra, contra 28% que acreditam que não. 

Quarenta e oito por cento dos entrevistados também são de opinião de que Israel não exagerou quando declarou Lula persona non grata, contra 41 que acham o contrário.

Por fim, 50% dos brasileiros discordam de que Israel esteja exagerando na reação ao Hamas, ao passo que 36% concordam. Esse número, em especial, parece contrastar com aquele lá de cima, o da diminuição da opinião favorável a Israel, mas só parece.

É que boa parte dos brasileiros, apesar da imprensa e do governo petista, ainda sabe diferenciar Palestina de Hamas, bem como a conduta de Israel em relação a um e a outro. É uma boa notícia. A imprensa e governo petista terão de se esforçar mais para convencer a maioria do contrário.

 

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