NX Zero faz público viver o hoje no I Wanna Be Tour; veja fotos

“Salve, família NX!”, soltou Di Ferrero no começo de “Além de Mim”, música que abriu a apresentação da banda no Allianz Parque, no penúltimo (e aguardado) show do festival emo I Wanna Be Tour.

Se a pergunta “o emo envelheceu mal?” merece ser respondida, o show da banda paulistana se candidata como resposta. Nem como sim nem como não: a presença de um coral constante, mesmo durante as músicas menos conhecidas como “Ligação”, do álbum “Incomum”, de 2012, reforçava que gêneros são importantes na adolescência ansiosa por rótulos, mas o que nos acompanha é o sentimento que cada artista pode, ano após ano, ser capaz de produzir.

No palco, Di, Gee Rocha, Dani Weskler, Caco Grandino e Fi Ricardo criavam um novo sentir para uma plateia que, durante a adolescência foi tachada de boba, exagerada, sentimental demais. “Dá para viver um sonho duas vezes?”, perguntou Di antes de “Onde Estiver”, como que sintonizando com os fãs no conceito budista de impermanência —estamos aqui, vivemos o agora, e tudo acontece dado causas e consequências.

O baterista Daniel Weksler, do NX Zero (Taiz Dering/Billboard BR)

E quando as causas e condições cessam, o fenômeno cessa também. De 2017, ano do início do hiato, até 2023, o gênero sentiu falta da banda ao mesmo tempo em que músicos e público tiveram a chance de sonhar esta vida em outros caminhos. E o reencontro ambientado pelo caráter nostálgico do festival fez o show do grupo soar a mais alto. A banda fez com que o festival produzido antes de sua entrada ao palco soasse como uma abertura —a exceção seria o show da Fresno, que, por uma leitura comercial, inaugurou o festival com gosto de café da manhã (“Queria mandar um beijo pros meus amigos da Fresno”, registraria Di Ferrero, para delírio do público.).

Por isso, quando “Cedo ou Tarde” emergiu, o show ainda estava longe de acabar. A força do hit —que se incorporou como louvor até na vibe “Numanice” de Ludmilla— enquadrado como divisor do concerto deu mais um gosto de orgulho aos fãs que podiam olhar para a banda com mais um sentimento: não é só nostalgia.

E a igreja pagava o dízimo nesse gazofilácio emo que é provar para os ministros de música que eles creem naquela mensagem. Por exemplo: se, em 2008, “Cartas Pra Você” era usada no status do MSN como indireta para o amor distraído, a canção transformou o Allianz em um mar de celulares abertos para Gee e Fi se escorarem um no outro, enquanto os fiéis cantavam sobre o vazio e o abandono que permeiam essa relação.

Público cantou emocionado os sucessos do NX Zero (Taiz Dering/Billboard BR)

Amigos brigavam de lutinha, um garoto menor de idade cantava “Só Rezo” felicíssimo e dependurado no ombro de um adulto careca, casais sorriam e, principalmente, novinhos curtiam a chance de ver, pela primeira vez, uma banda que reinou no pop brasileiro levando pedradas de quem já estava cansado das fórmulas Rick Bonadio de rock —mas que foi maior do que um produto no coração de muitos.

Os shows seguintes, que cabem ao A Day to Remember e ao Simple Plan, são daqueles momentos que poderão eleger este, do NX, que aconteceu em êxtase, como o mais renovado de todos deste dia —em que muitos se encontraram com as versões adolescentes de si mesmo, sem nostalgia barata (vista em muitos shows do dia).

Se viver é mesmo um troço onírico e doido, o NX fez com que muitas pessoas sonhassem mais um dia e vivessem aquilo que importa: o hoje.

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