Crise financeira: mulheres batem recorde de endividamento em 2024

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) revelou que as mulheres brasileiras estão enfrentando um aumento no comprometimento de suas rendas devido ao pagamento de despesas. Segundo o estudo, em janeiro de 2024, aproximadamente 79% das mulheres no país possuíam dívidas a vencer e 30,5% de seus orçamentos mensais eram direcionados para quitar empréstimos.

Este é o terceiro ano consecutivo em que o endividamento das mulheres brasileiras registra alta.

Comparando com janeiro do ano passado, houve um aumento de 0,7%, passando de 78,8% para os atuais 79% de mulheres endividadas. Em relação a janeiro de 2022, o incremento foi de 1,4%, saindo de 78,1%.

Mulheres como provedoras do lar

Segundo a economista Ana Paula Debiazi, o aumento do número de mulheres assumindo a responsabilidade pelo orçamento familiar é uma das causas para o crescimento das dívidas.

A especialista explica que, à medida que mais mulheres se tornam as principais gestoras financeiras em seus lares, a pressão para atender às demandas familiares e individuais contribui para um maior comprometimento financeiro.

“Cada vez mais, mulheres são as responsáveis pelo lar em questões financeiras, e, nos últimos anos, com o aumento da inflação e a pandemia, muitas mulheres, que na sua grande maioria estão na informalidade, ficaram sem emprego e renda. E entre sustentar a casa ou pagar dívidas, com certeza, elas optam pela primeira opção”, diz.


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Cristiana Alves, de 49 anos, relata que é a provedora do lar e sustenta dois filhos. Apesar da ajuda do companheiro, ela é a responsável pela maior parte das despesas.

“Eu ganho mais que o meu marido, então, automaticamente, eu pago a maior parte das contas. Tenho um filho na faculdade e outro no ensino médio, em instituições particulares, os gastos são altíssimos. Não lembro quando foi a última vez que virei o ano sem dívidas”, conta ela, em entrevista ao Metrópoles.

Outros motivos para o endividamento

O levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta, ainda, outras razões para o aumento no endividamento feminino.

Em primeiro lugar, destaca-se o impacto das despesas iniciais do ano, como gastos com educação e o pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).

Outro fator é o crescimento na oferta de crédito, que tem levado muitas mulheres a contrair empréstimos e financiamentos. O acesso facilitado ao crédito, embora represente uma opção para algumas necessidades imediatas, também tem impulsionado o endividamento.

Para gerenciar esses fatores, Ana Paula Debiazi explica que o ideal é organizar os gastos.

“Essas despesas, apesar de sazonais, ocorrem todo ano, e as pessoas precisam se programar para pagá-las, seja ao longo do ano fazendo uma poupança, ou tentando uma renda extra. O planejamento financeiro é essencial para projetar receitas e despesas ao longo do ano, no curto e longo prazo, e entender como está o orçamento.”

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