Marcas da fábrica de chocolates Pan são leiloadas por R$ 3,1 milhões

As 37 marcas da companhia de doces Pan (Produtos Alimentícios Nacionais) foram arrematadas em leilão nesta segunda-feira (4/3) por R$ 3,1 milhões, pela empresa Real Solar, com sede em Goianinha, no Rio Grande do Norte. Agora, o resultado terá de ser homologado pela Justiça. A Pan criou clássicos das guloseimas no país, como os chocolates em formato de cigarrinhos, moedinhas, guarda-chuvas e lápis – isso além das balas Paulistinha.

No fim do ano passado, uma perícia havia apontado que o valor mínimo de mercado das marcas era R$ 27,5 milhões. Não houve, entretanto, propostas nos dois primeiros leilões, que ocorreram nos dias 1º e 16 de fevereiro e foram realizados pela empresa Positivo. Na terceira e última etapa, foram feitos 25 lances. 

De acordo com o administrador judicial da falência da Pan, Fábio Rodrigues Garcia, da ARJ Administração e Consultoria Empresarial, a quantia arrecadada vai ajudar a pagar parte da dívida da empresa. “Vamos conseguir quitar todos os débitos com os funcionários”, disse Garcia. “Além disso, o leilão vai possibilitar que a marca Pan retorne ao mercado, com uma nova gestão, uma nova proposta, gerando mais emprego e renda.”

89 anos de história

A Pan foi fundada em 1935 pelo engenheiro italiano Aldo Aliberti e seu cunhado Oswaldo Falchero. A indústria começou a se destacar em 1937, com o lançamento de bombons em formato de peixes e corações. Em 1952, criou seu produto mais famoso, os cigarrinhos de chocolate, numa época em que o hábito de fumar era admirado e tido como charmoso. Os “cigarros ao leite” eram vendidos em caixinhas vermelhas, com imagens de dois meninos, um branco e outro negro, uma de cada lado da embalagem (foto em destaque).

Em 1941, a empresa promoveu um concurso de sucesso, com um figuras de astronautas. As imagens vinham nas balas Paulistinha e eram coladas em álbuns. Quem completasse alguma página ou o conjunto delas, recebia diversos prêmios. A promoção durou dois anos.

Falência

Em outubro de 2016, aos 81 anos, a Pan mudou de mãos. O negócio familiar de doces foi adquirido pelo Grupo Brasil Participações. No fim de fevereiro do ano passado, a Justiça decretou a falência da empresa, dentro do processo de recuperação judicial, iniciado em 2020. Na ocasião, a companhia afirmou que seu faturamento sofreu forte queda, depois de uma reestruturação iniciada em 2017. Durante a pandemia de Covid-19, a situação piorou.

Em leilão realizado em setembro do ano passado e homologado no mês seguinte, o imóvel ocupado pela Pan foi vendido por R$ 71 milhões para a Cacau Show. A fábrica, com 10.432 metros quadrados – o equivalente a quase dois campos de futebol –, fica no bairro de Santa Paula, uma área nobre de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.

 

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