Os desafios que envolvem a primeira viagem a Marte, com uma tripulação humana, parecem ainda maiores, com a descoberta de que passar mais de um ano no espaço causará danos severos aos rins dos astronautas. A condição foi apelidada de doença renal cósmica.
- Como a radiação cósmica pode afetar o cérebro dos astronautas na ida para Marte?
- 5 tecnologias que a NASA vem aprimorando para enviar humanos a Marte
Os problemas de saúde envolvendo os rins devem ser causados tanto pela radiação cósmica galáctica (GCR) quanto pela microgravidade. É o que demonstram experimentos feitos com roedores, sob a liderança de cientistas do University College London (UCL).
“Se não desenvolvermos novas formas de proteger os rins, eu diria que, embora um astronauta possa chegar a Marte, ele poderá necessitar de diálise [processo artificial que simula a função dos rins em filtrar resíduos no sangue] no regresso”, afirma Keith Siew, pesquisador do UCL e primeiro autor, em nota.
–
Podcast Canaltech: de segunda a sexta-feira, você escuta as principais manchetes e comentários sobre os acontecimentos tecnológicos no Brasil e no mundo. Links aqui: https://canaltech.com.br/podcast/
–
Viagens espaciais e saúde
Após o primeiro pouso na Lua (1969), os pesquisadores começaram a compreender os danos causados por viagens especiais. Entre os problemas mais recorrentes de saúde, estão:
- Perda de massa óssea;
- Enfraquecimento do coração;
- Alteração na visão;
- Desenvolvimento de cálculos renais (pedras nos rins).
“Sabemos o que aconteceu aos astronautas nas missões espaciais relativamente curtas conduzidas até agora, em termos de um aumento na problemas de saúde, como pedras nos rins”, lembra o cientista Siew.
“O que não sabemos é o porquê destes problemas ocorrerem, nem o que irá acontecer aos astronautas em voos mais longos, como a missão proposta a Marte [que pode levar mais de dois anos]”, complementa o pesquisador do UCL.
Risco para os rins em Marte
Publicado na revista Nature Communications, o novo estudo envolveu a realização de experimentos que simulavam as condições de vida no espaço, como a viagem para Marte, com roedores. Também analisou amostras de astronautas que realizaram missões espaciais em órbita baixa da Terra.
Nos testes com ratos, a equipe expôs os animais a doses simuladas de GCR equivalentes uma missões de Marte de 1,5 e 2,5 anos. Durante os testes, foi possível observar que os rins são remodelados pelas condições especiais.
Os túbulos renais, responsáveis pela regulação do equilíbrio de cálcio e sal, dão sinais de encolhimento nos primeiros 30 dias da viagem. Aqui, a principal causa parece ser a microgravidade. Isso também explica a formação de pedras nos rins. No entanto, a longa exposição à GCR durante 2,5 anos, foi associada a danos permanentes e perda de função renal.

“Sabemos que os rins demoram a mostrar sinais de danos causados pela radiação; quando isso se tornar aparente, provavelmente será tarde demais para evitar as complicações, o que seria catastrófico para as chances de sucesso da missão”, completa Siew. Então, é necessário pensar em estratégias de proteção à saúde dos astronautas.
Leia a matéria no Canaltech.
Trending no Canaltech:
- Programas da TV Cultura alterados com IA causam repercussão por distorções
- Sol vai sofrer inversão magnética. O que acontecerá com a Terra?
- Câmara dos EUA aprova banimento de drones da DJI
- NASA quer colocar “estrela artificial” na órbita da Terra
- Review Redragon Icon | Headset com som alto, mas desconfortável
- Origem perdida dos Saiyajins é a razão para Goku ser tão poderoso em Dragon Ball