Atrativo de Goiânia, zoo é criticado por descuido e falta de animais

Goiânia – Fundado em 1956, o Zoológico de Goiânia é um dos principais pontos turísticos da capital goiana, assim como um dos cartões-postais da cidade. Com uma das maiores áreas verdes da capital, a administração aponta que o zoo recebe quase 500 mil visitantes por ano.

Gerido pela Agência de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), o espaço é dedicado a atividades de educação ambiental e à conservação de animais silvestres. No entanto, frequentadores apontam descuido com o local, que apresenta mato alto, falta de placas de identificação, museus fechados e poucos animais.

Em denúncia enviada ao Metrópoles, juntamente com imagens, um visitante reclamou que o “descuido é visível”.

“Fui ao zoológico de Goiânia com meu sobrinho. Vários recintos estão tomados de mato alto e sem placa. Contei cerca de 30 suportes sem placas de identificação. Vários visitantes também comentavam a falta de bichos. Provavelmente, estão morrendo, e não estão conseguindo novos. Mas o descuido é visível”, queixou-se o denunciante, que preferiu não se identificar.

“Algumas partes, como museu e área de educação ambiental, estavam fechadas em pleno domingo, dia provavelmente de maior movimentação. Avestruz está com parte bem depenada”, pontuou o visitante.

Veja fotos do local:


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Cuidados com o zoológico

De acordo com a supervisora e gestora do Parque Zoológico de Goiânia, Daiane Vieira, não há descuido com o ambiente. “As podas são feitas diariamente e quando necessário. Em alguns recintos, mantêm-se a pastagem mais alta, para rota de fuga e como complemento da nutrição de alguns animais, como, por exemplo, os ruminantes”, explicou.

Segundo Daiane, atualmente, o plantel de animais no local é de 430, sendo 103 espécies entre aves, mamíferos e répteis. Segundo ela, os bichos são oriundos de tráficos, projetos de conservação de espécies e resgatados que não podem ser reintroduzidos na natureza. Conforme a explicação, o zoo só recebe animais por meio de destinação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Questionada sobre os animais depenados, a gestora explicou que as aves fazem a troca de penas, geralmente, uma vez ao ano. “Não é obrigatoriamente uma regra, mas, normalmente, essa troca ocorre após o período reprodutivo, entre fevereiro e março”, pontuou.

Ainda de acordo com Daiane, os cuidados com o ambiente são diários. “Os cuidados são diários com limpeza, alimentação balanceada, bem-estar com enriquecimentos ambientais, por meio de veterinários, biólogos e zootecnista”.

Sobre as placas, a responsável pela unidade informou que “os recintos estão identificados, e aquelas que necessitam ser trocadas já existe processo em andamento de compra”.

Conceito defasado

Ativistas e estudiosos criticam o conceito praticado pelo Parque Zooólogico de Goiânia. O biólogo Igor Morais, membro da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil por sete anos, considera que seria necessária uma modernização.

“O que eu vi quando estive em Goiânia foi o que chamamos de uma ‘arquitetura rígida’, que só serve para expôr os animais ao público. O que eu defendo é que o Zoológico deve desempenhar, de forma igualmente bem-feita, trabalhos de conservação, pesquisa, educação e lazer”, sugeriu o especialista em entrevista ao Portal 6.

De acordo com Igor, estes espaços devem conter o maior número de recursos de ambientação possível, para que os animais estejam o mais próximos do habitat deles. No entanto, o biólogo apontou que, no último contato que teve com a administração do Zoológico de Goiânia, não havia sequer um planejamento definido para os tipos de bichos que eles querem trabalhar, para que sejam feitas as adequações necessárias.

“O que a gente vê no Brasil é que 80% das gestões dos zoológicos são políticas, pessoas com cargos comissionados indicadas para estarem lá. Eu defendo que deve ser escolhido um gestor especializado na área, fazendo uma gestão técnica e científica, e não por indicação política”, completou.

Sobre este aspecto, a supervisora Daiane Vieira adiantou que não há expectativa de mudanças. “Seguimos legislações quanto à estrutura e ao tamanho dos recintos. Os animais têm livre arbítrio para se exporem ou não, os cambiamentos ficam abertos. Alguns recintos foram reformados, e outros estão em obra”, ponderou.

Histórico do zoológico

Desde a fundação, o Zoológico de Goiânia fechou para reforma da estrutura física uma vez, em junho de 2009.

Entre 2009 e 2010, o zoo da capital goiana esteve no centro de um polêmica nacional, após a morte de dezenas de animais em sequência. Diante do fato, ele chegou a ser interditado e fechado para visitação.

Em 2012, na reabertura, o zoológico apresentava 512 animais.

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