PSDB destitui presidente da sigla em SP dois dias após eleição

São Paulo – A executiva nacional do PSDB destituiu o ex-deputado Marco Vinholi (foto em destaque) da presidência estadual do partido em São Paulo. A decisão foi tomada na noite de sexta (8/3), dois dias após a eleição de Vinholi.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, acolheu duas representações que pediam a anulação da eleição que ocorreu na quarta (6/3). Uma delas foi feita pelo presidente municipal do partido na capital paulista, o ex-senador José Aníbal.

Tanto Perillo quanto José Aníbal pertencem ao grupo político mais próximo do governador do Rio Grande do Sul e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, que é de oposição a Vinholi, ligado ao ex-tucano João Doria.

Aníbal disparou uma série de mensagens para filiados na manhã de sábado classificando a eleição da executiva estadual como “ilegal”. Ele acusa Vinholi de ter convocado as eleições sem cumprir todos os trâmites e sem alertar todos os integrantes do diretório estadual.

Em nota, Vinholi disse que a eleição da última quarta-feira já havia sido adiada duas vezes e teve adesão de mais de 90% do diretório estadual, com a presença de 97 dos 105 membros.

“O resultado fala por si só, representa a vontade da imensa maioria do partido em São Paulo, onde a democracia partidária é um dos pilares fundamentais estabelecidos desde Mario Covas na construção do partido que se tornou um dos mais importantes partidos da história do estado de São Paulo”, diz o texto.

Em entrevista à Jovem Pan, Aníbal contestou o resultado ao alegar que a votação ocorreu de forma virtual e com voto aberto, quando deveria ter sido realizada de forma presencial e com o voto secreto: “Eu mesmo sou membro do diretório estadual e sequer fui convocado.”

Uma nova eleição para a executiva paulista deve ser convocada ainda esta semana. Procurado, o PSDB nacional ainda não se posicionou sobre a questão.

Briga interna do PSDB

A anulação da eleição de Vinholi é mais um capítulo na profunda crise enfrentada pelo PSDB a níveis municipal, estadual e nacional.

Em outubro do ano passado, enquanto ainda exercia a presidência nacional da sigla, Leite havia suspendido a convenção estadual e o mandato de Vinholi foi encerrado antes que houvesse nova votação.

Com a presidência paulista vaga, Leite nomeou uma comissão provisória no estado presidida pelo prefeito de São Caetano, Paulo Serra. Na ocasião, a ala ligada a Vinholi e Doria acusou o governador gaúcho de golpe.

Leite também havia anulado, em setembro, a eleição de Fernando Alfredo para a presidência da sigla na capital paulista. Alfredo era amigo pessoal do ex-prefeito tucano Bruno Covas e, assim como Vinholi, é próximo de Doria.

Já a escolha de José Aníbal à presidência municipal do PSDB, ao fim de fevereiro, se deu por indicação dos diretórios nacional e estadual, comandados por aliados de Leite. O mandato, apesar de provisório, vai durar até dezembro, o que lhe dará o controle do partido na cidade durante as eleições.

Aníbal foi escolhido por Perillo com uma missão: “dar protagonismo” à legenda em São Paulo, cidade onde o PSDB nasceu, como parte de um processo de reconstrução da sigla em todo o país.

Crise no PSDB

A disputa pelo comando do PSDB no estado ocorre em meio ao encolhimento do partido em São Paulo desde a derrota de Rodrigo Garcia ao governo em 2022.

Conforme o Metrópoles mostrou em outubro passado, a legenda já perdeu 10 mil filiados, entre eles prefeitos de cidades do interior que migraram para legendas como o PSD, do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab.

Com a abertura da janela partidária deste mês, o partido também deve perder entre seis e sete dos oito vereadores da bancada tucana na Câmara Municipal paulistana.

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