A Amazônia pirou e exige pesquisas (por Roberto Caminha Filho)

“Quero que vocês, me aqueçam neste inverno, e que tudo mais vá pro inferno”. (Reiberto Carlos)

É este lugar chamado Amazônia, o lugar que abriga todos os cientistas do mundo, sem nenhum estudo ou conhecimento do seu laboratório.

Atenção, muita atenção, pessoal!

Os quatro elementos da natureza começam a mostrar que em seis meses, eles farão uma nova demonstração de força e insatisfação.

No Grupo Escolar, as professoras ensinavam algumas orientações básicas para os curumins de então:

  • Meninos, ao contrário do que as nossas cartilhas ensinam, nós, os amazônidas, não temos as quatro estações por ano. Todos os dias nós temos sol quente, chuvas fortes, flores lindas nos nossos jardins e quintais, e todos os dias nós temos os nossos mais saborosos frutos. Temos, diariamente, primavera, verão, outono e inverno, ou não temos? E a turma toda respondia, em coro: Temos.

A mesma professora, Dona Rosinha, também dizia:

  • Não esqueçam que depois de duas grandes enchentes, onde os peixes entram nos igapós (terra alagada), haverá um período de abundância, porque os peixes, nos alagados, estarão livres dos seus predadores e comerão as frutas que caem das árvores e engordarão para uma boa reprodução.

A Dona Rosinha também dizia:

  • Haverá cheia quando os afluentes do lado esquerdo do Rio Amazonas e os afluentes do lado direito encherem, ao mesmo tempo e aconteça em período de degelo dos Andes. Os rios farão o efeito represa e o gelo, feito água, fará a enchente que quiser.

Enquanto isso, os cientistas de verdade: Zé Nunes de Melo e o não menos genial Paulo Vanzolini, saíam de Manaus para Belém em seu canoão, colhendo todos os tipos de frutas, insetos e estudando o regime das águas  nos períodos de cada viagem. Eram viagens de quarenta a sessenta dias.

Os dois cientistas, com o auxílio do INPA, introjetavam, nos seu pupilos e ribeirinhos, lições para várias gerações. Eu sempre me apresentava para fazer as apostilas do Dr. Paulo e o levava para comer peixe frito no Galo Carijó, um barzinho respeitado pelos estivadores do Porto de Manaus. Pequenas coisas estão escritas nas anotações do Tio Zé, tais como:

1- O rio para de subir no Santo Antônio (13 de junho) e desce no São João    (24 de junho).

2- O rio sobe de novembro a junho e desce de junho a novembro.

3- Os peixes desovam no começo da subida das águas.

4- Os peixes predadores (tucunaré, piranha, pirarucu, traíra) têm pai e mãe cuidadores.

5- O peixe alimentador (tambaqui, sardinha, branquinha, piau) só tem a natureza para cuidar da sua curta existência.

Escreveram algumas normas que regem a existência pacífica entre o homem amazônico e a cruel floresta quente e úmida, que teima em nos confortar.

Eu juro, de pés juntos, que se tivesse o conhecimento e a ciência da Greta Tintin e do Leonardo Wilhelm Di Caprio, já estaria chegando na Amazônia para salvá-la do que poderá acontecer no próximo verão. As águas não estão subindo como deveriam e a seca poderá se juntar com a próxima.

Hoje, na bela Manaus, centro da floresta amazônica, banhada por contingentes de pobres, mandados por vários estados do Brasil, países andinos, caribenhos e africanos, os igarapés continuam secos. As chuvas, muito aquém do esperado, não limpam a cidade e nem enchem os seus igarapés, estando dois metros abaixo, do mesmo dia do ano de 2023.

Dizem os alunos de Di Caprio e Tintin, que se neste março e abril (chuvas mil) não acontecerem dilúvios, a coisa vai ser muito feia.

O pantanal está bem sequinho, o Acre está transbordando e o vizinho Amazonas, cheio de línguas, sotaques, dermes, cabelos, e outras tantas diferenças de renda mínima e habitações, poderá mostrar, ao mundo, as reais dimensões que os papas ainda não conseguiram e só o Roberto Carlos chegou perto:

“Quero que vocês, me aqueçam neste inverno, e que tudo mais vá pro inferno”

 

Roberto Caminha Filho, economista, de passagem comprada para Bariloche. 

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