Piano ao cair da tarde: Lula é o verdadeiro presidente da Petrobras

Veja só você: quem decidiu que a Petrobras não pagaria dividendos extraordinários aos seus acionistas foi Lula, informa a jornalista Malu Gaspar.

Ele se reuniu duas vezes na caluda, na semana passada, fora da agenda oficial, com ministros, diretores e conselheiros da empresa. Tudo muito republicano, como sói acontecer neste governo.

Ao final, o CEO da empresa (pelo menos no papel), Jean Paul Prates, foi voto vencido. A sua justificativa de que a decisão de não pagar dividendos extraordinários derrubaria o valor de mercado da Petrobras, como realmente ocorreu, foi desconsiderada.

O raciocínio é que esse dinheiro dos dividendos extraordinários, que não pode ser usado diretamente para os investimentos delirantes que Lula insiste em fazer com o bolso alheiro, ajudaria a empresa a pegar emprestado a juros menores e prazos mais longos. Sim, Lula quer endividar a empresa para fazer tudo errado outra vez.

O presidente da República (e da Petrobras, vamos aceitar) não tira da cachola que a Petrobras tem de investir em refino, aquele setor que deu tantas alegrias ao país com o superfaturamento das obras da Abreu e Lima e do Comperj e a compra inexplicável de Pasadena. Fosse por ele, a Sete Brasil, aquela empresa que faliu sem entregar todas as sondas contratadas, seria também ressuscitada.

Por que Lula delira? David Zilberstein, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, explicou ao Metrópoles.

 “Se você tem dinheiro e pode investir em exploração e produção ou em refino, é importante saber que a primeira opção dá um retorno pelo menos três vezes maior que a segunda. Então, você dever pegar o seu dinheiro e colocar no que rende mais”, disse Zilberstein. 

“O mais racional, no presente, seria faturar com a produção e a exploração de petróleo e, no médio e longo prazo, faturar com as fontes renováveis e de menor emissão. Essa seria a transição mais interessante a ser feita”, acrescentou.

Diante da racionalidade, os panfletos lulistas trataram de desqualificar um dos maiores especialistas na área de energia do país. Zilberstein foi genro de FHC, logo é inimigo. O delírio tem método e sofreguidão. Os notórios defensores da classe trabalhadora querem voltar logo a mergulhar de cabeça no óleo, na graxa.

Como o valor de mercado da Petrobras caiu mais de R$ 55 bilhões, e o Tesouro pode perder 15 bilhões de reais (pois é, esqueceram que os dividendos extraordinários também seriam pagos à União), Lula agora pode dar outro jeito com a mão e determinar que se pague até 50% dos dividendos extraordinários que os acionistas esperavam receber. Esta noite se improvisa, todo mundo finge que fica feliz e vamos adiante. Pagando ou não, estamos diante de um presidente da República que age como presidente da Petrobras. Não tem como dar certo. Já não deu anos atrás.

 

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