Comboio de ajuda humanitária chega em Gaza após semanas

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou que um comboio de ajuda humanitária chegou à Cidade de Gaza nesta terça-feira (11/3), o primeiro desde 20 de fevereiro, capaz de alimentar 25 mil pessoas. 

Além disso, autoridades da ONU informaram que um navio de uma ONG humanitária saiu do Chipre em direção a Faixa de Gaza levando 200 toneladas de suprimentos. Embora tenham celebrado o apoio, elas reforçam que a medida “não substitui” a assistência por terra.

Teste de ajuda marítima 

Segundo o porta-voz do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, Jans Laerke, todo alimento e ajuda emergencial é extremamente necessária, mas não substitui o transporte terrestre, particularmente para o norte de Gaza. 

A organização de caridade internacional World Central Kitchen anunciou que seu navio, Open Arms, estava a caminho de Gaza, localizada a aproximadamente 200 milhas náuticas de distância. Em uma publicação nas redes sociais, a entidade afirmou que “o povo do norte será alimentado”.

A ONG já trabalhou com equipes de ajuda da ONU em Rafah, no sul de Gaza, onde cerca de 1,5 milhão de pessoas buscaram abrigo em meio a bombardeios israelenses diários e combates nos últimos cinco meses, motivados por ataques terroristas liderados pelo Hamas em Israel, que deixaram cerca de 1,2 mil mortos e levaram cerca de 250 reféns.

Tesouras infantis negadas

Ressaltando a terrível emergência humanitária em Gaza, o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, condenou a recusa em permitir itens de “uso duplo” destinados ao enclave. Ele afirmou que um caminhão carregado de ajuda foi devolvido porque tinha uma tesoura usada em kits médicos para crianças.

Segundo Philippe Lazzarini, as tesouras médicas foram adicionadas a uma longa lista de itens proibidos que as autoridades israelenses classificam como de “uso duplo”.

A lista inclui outros itens básicos fundamentais para atendimento: anestésicos, luzes solares, cilindros de oxigênio e ventiladores, pastilhas para limpeza de água, medicamentos para câncer e kits de maternidade. 

Para o comissário-geral da Unrwa, a liberação de suprimentos humanitários e a entrega de itens básicos e essenciais precisam ser facilitadas e aceleradas. Ele adiciona que dois milhões de pessoas dependem da entrada de suprimentos.

Todas as opções para ajuda

Perguntado por jornalistas em coletiva de imprensa em Genebra se a ONU poderia usar o novo corredor marítimo entre o porto de Larnaca, no sul do Chipre, e Gaza, Laerke respondeu que “todo e qualquer ponto de entrada em Gaza deve ser analisado”.

Mas, após as repetidas recusas das autoridades israelenses em permitir que os comboios humanitários acessem o norte e as condições inseguras para as equipes de ajuda, o funcionário da ONU insistiu que o acesso por terra e a entrega segura e regular dentro de Gaza também é fundamental.

Fome ‘iminente’

A chefe do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain, alertou na segunda-feira que a fome é “iminente” em Gaza e só será evitada se a ajuda humanitária aumentar “exponencialmente”. Ela destacou a grande preocupação com as pessoas “em toda a Faixa de Gaza, especialmente no norte, que está sob o risco de uma catástrofe humanitária”.

“Se não aumentarmos exponencialmente o volume de ajuda que vai para as áreas do norte, a fome será iminente. É iminente.” Cindy McCain explicou que o PMA foi forçado a interromper as entregas de ajuda ao norte em 20 de fevereiro devido a preocupações “com a segurança de nossa equipe e devido ao completo colapso da lei e da ordem”.

A chefe da agência da ONU insistiu que todas as opções estavam sendo exploradas para aliviar a crise de fome no norte de Gaza, inclusive as entregas aéreas, mas “elas nunca fornecerão o volume necessário que o acesso rodoviário pode fornecer”. 

O acesso rodoviário “e o uso dos portos e cruzamentos existentes são a única maneira de levar ajuda a Gaza na escala que agora é necessária”, insistiu, afirmando que 300 caminhões de alimentos precisam entrar em Gaza todos os dias.

Veja mais no site da ONU News, parceira do Metrópoles.

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