O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a diretoria está atenta à possibilidade de elevar os juros na economia brasileira, mas destacou que essa decisão dependerá tanto do cenário interno quanto das projeções internacionais. Campos Neto alinha-se com Gabriel Galípolo, possível sucessor dele, que também comentou sobre o tema.
“Dissemos que, se necessário, subiríamos os juros, mas é preciso avaliar o cenário futuro”, afirmou Campos Neto em entrevista ao jornal O Globo. Ele mencionou que a inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,5% e deve cair ligeiramente, com a expectativa de que os próximos indicadores sejam melhores. O Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou que manterá a taxa básica de juros elevada, atualmente em 10,5%, até que a inflação se aproxime do centro da meta de 3%.
Apesar do otimismo, Campos Neto adotou cautela quanto à próxima reunião do Copom, destacando divergências entre os diretores sobre o balanço de riscos. Ele observou que o cenário externo, especialmente nos EUA, traz incertezas, com a percepção de uma desaceleração organizada.
A recente alta do dólar frente ao real, quase levando o Banco Central a intervir no câmbio, foi motivada por preocupações globais. No início de agosto, o dólar chegou a R$ 5,86, mas se estabilizou em R$ 5,44. Campos Neto explicou que o Banco Central optou por não intervir, pois não identificou uma disfuncionalidade clara no mercado.
Sobre a economia brasileira, Campos Neto reconheceu que as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estão se aproximando de 3%, admitindo que economistas, inclusive ele, têm subestimado o desempenho econômico. Ele ressaltou que os dados econômicos do Brasil são mais positivos do que os preços de mercado indicam, destacando o bom crescimento e os baixos níveis de desemprego comparados a outros países da América Latina.
Além disso, ele enfatizou a importância do esforço fiscal do governo para manter as contas públicas equilibradas, reconhecendo que, embora o arcabouço fiscal pudesse ser aprimorado, o governo está se empenhando nesse sentido.
Fonte: Conexão Política