Uso da força extrema na desocupação da Uerj: Vergonha para Castro e derrota moral para Gulnar Azevedo

A desocupação violenta da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no dia 20 de setembro, ordenada pela reitoria de Gulnar Azevedo e executada pela Tropa de Choque da Polícia Militar, representa mais uma mancha vergonhosa no governo de Cláudio Castro, como se não bastassem as inúmeras chacinas policias que ocorrem em seu governo e a falência da segurança pública, e uma derrota moral para a própria reitora. O uso de bombas de efeito moral, spray de pimenta e um verdadeiro aparato de guerra contra estudantes que lutam pela permanência estudantil é um claro exemplo de como o poder institucionalizado tem utilizado a força extrema para reprimir movimentos sociais legítimos.

A operação, que contou com centenas de policiais fortemente armados, tinha o objetivo de encerrar a ocupação estudantil contra o AEDA da Fome, uma medida administrativa que impõe restrições severas aos auxílios estudantis. No entanto, ao invés de pôr fim ao movimento, a ação desastrosa da reitoria e da polícia apenas alimentou a resistência e ampliou o apoio ao movimento estudantil. Dois estudantes, um jornalista e o deputado Glauber Braga foram presos, mas o núcleo de resistência dos estudantes permaneceu intacto, saindo ileso do cerco militar.

A situação, vista de fora, expõe a profunda crise moral e política das instituições envolvidas. Cláudio Castro, ao permitir o uso desproporcional da força, revela seu alinhamento com práticas autoritárias que buscam silenciar a dissidência social. O governador, ao lado de Gulnar, fracassou em promover um diálogo efetivo com os estudantes e optou por uma postura de repressão, o que coloca em xeque sua capacidade de liderança e compromisso com a democracia.

A violência policial como instrumento de controle

A presença de um contingente militar tão vasto, com armamento pesado, camburões, ônibus e fardas especiais, dentro de uma universidade pública, é um atentado contra a liberdade de expressão e a autonomia universitária. Ao transformar a UERJ em um campo de batalha, o governo e a reitoria enviam uma mensagem clara: a repressão será a resposta para qualquer voz que se oponha às medidas draconianas impostas à educação pública.

Não é de hoje que as forças de segurança têm sido utilizadas para conter protestos e movimentos sociais. A militarização das universidades é uma das faces mais nefastas do autoritarismo, que trata estudantes como inimigos a serem neutralizados, e não como cidadãos que têm o direito de lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

A ocupação dos estudantes na UERJ não era um ato de vandalismo, como tentou pintar a reitoria. Era, sim, um grito de socorro diante do AEDA da Fome, que ameaça a permanência de milhares de estudantes em situação de vulnerabilidade social. Cortes nos auxílios, como o auxílio alimentação e a bolsa de permanência estudantil, são medidas cruéis que colocam em risco o futuro de muitos jovens. Ao chamar a polícia para resolver uma crise de assistência estudantil, a reitoria escolheu o caminho da violência e da criminalização do movimento estudantil.

Uma resistência que se fortalece

Apesar da brutalidade da desocupação, os estudantes mostraram resiliência e estratégia. A resistência organizada, com assembleias e planos de ação, desmoralizou a operação militar. Enquanto a Tropa de Choque cercava a universidade, grupos de estudantes fecharam vias de acesso, como a avenida Rei Pelé, com barricadas em chamas, distraindo a polícia e permitindo que o núcleo de resistência escapasse. Essa tática ousada não só expôs a incompetência da repressão, como também ampliou o alcance da luta, conquistando simpatizantes por toda a cidade.

A frase altiva dos estudantes ao se retirarem, “Voltaremos mais fortes e mais preparados”, ecoa como um aviso claro à reitoria e ao governo. A luta pela manutenção das bolsas e auxílios estudantis está longe de acabar, e a mobilização se torna cada vez mais ampla, com apoio popular e de setores políticos. A detenção do deputado Glauber Braga, figura conhecida pela sua defesa intransigente dos direitos sociais, é mais um capítulo vergonhoso deste episódio. A prisão arbitrária de Glauber, que só poderia ser detido em caso de flagrante por crime inafiançável, expõe o desprezo das autoridades pelas normas constitucionais e a tentativa de intimidar aqueles que se opõem ao status quo.

A derrota política de Gulnar Azevedo

Para a reitora Gulnar Azevedo, este episódio marca uma derrota moral e política. Sua gestão, que deveria estar voltada para a proteção dos estudantes e o fortalecimento da universidade pública, escolheu o lado da repressão e do autoritarismo. Ao criminalizar o movimento estudantil e tratar os estudantes como “invasores”, Gulnar se alinha a uma narrativa reacionária que vai de encontro aos princípios que ela, teoricamente, deveria defender.

Em vez de dialogar com os estudantes e buscar soluções para as legítimas reivindicações, Gulnar optou pela judicialização do conflito e pela convocação da força policial. Esse é o retrato de uma reitoria que se distanciou dos seus alunos e que agora tenta se manter no poder pela força, não pela legitimidade. A nota oficial da reitoria, que promete seguir com a perseguição aos estudantes, enviando vídeos e fotos para as “autoridades”, é um sinal claro de que a criminalização do movimento não vai cessar.

Uma luta que só começou

A desocupação da UERJ é mais um capítulo na longa história de lutas pelo direito à educação no Brasil. A repressão violenta não apagará a chama da resistência estudantil, que, ao contrário, só tende a se fortalecer diante da injustiça. Cláudio Castro e Gulnar Azevedo fracassaram, tanto na tentativa de desmobilizar o movimento, quanto em preservar sua integridade moral frente à opinião pública.

Os estudantes, por sua vez, saem dessa batalha com a certeza de que sua causa é justa e de que têm o apoio da sociedade. O “AEDA da Fome”, como foi batizado pelos universitários, é um ataque frontal à educação pública, e a luta pela revogação dessa medida não vai cessar. A derrota política do governo e da reitoria é evidente, e as ruas e universidades continuarão a ser palco da resistência.

A mensagem que fica é clara: não se silencia um movimento legítimo com bombas e spray de pimenta. A força bruta pode ganhar batalhas, mas jamais vencerá uma guerra de ideias. E essa guerra, pela educação pública, gratuita e de qualidade, está apenas começando.

Com informações do Brasil de Fato e AND

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