Jornalistas dão vexame e Lula os repreende

Treze jornalistas representantes de emissoras de rádio de diversos Estados protagonizaram um vexame ao entrevistar ontem Lula.

Primeiro, vários deles presentearam o presidente com CDs e bebidas típicas de suas regiões. Depois, fizeram perguntas amenas, deixando de lado os temas mais polêmicos. A ponto de o próprio Lula se queixar como hoje registram alguns jornais:

“Vocês vieram de alma aberta e não foram constrangidos por ninguém dizendo que deveria fazer essa ou aquela pergunta. Vocês perguntaram o que quiseram e como quiseram. Espero que tirem lições dessa nossa conversa e que na outra vocês possam ser um pouco mais duros com o presidente.”

Voltou a insistir:

“Agora, estejam certos de uma coisa: de minha parte não haverá em nenhum momento qualquer informação e qualquer tema que não possa ser debatido. Eu pensei que vocês iriam entrar em temas polêmicos, não entraram, nas coisas mais polêmicas que deram briga nesses dias, mas eu estou disposto a debater qualquer tema. Para mim não tem tema proibido. Não tem tema que não possa ser discutido.”

Boa parte dos jornalistas brasileiros trata os poderosos com um temor reverencial. Perguntam como se pedissem desculpas por perguntar. Isso não decorre apenas de eventual despreparo.

A maioria dos veículos de comunicação do país pertence a grupos políticos ou depende deles. Em ocasiões como a de ontem, os jornalistas temem irritar seus patrões e perder o emprego, ferindo temas considerados delicados.

(Publicado aqui em 23 de setembro de 2004)

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