Empresas e governos estrangeiros compram quase R$ 1 bilhão em créditos de carbono na Amazônia brasileira

 

O Estado do Pará vendeu quase R$ 1 bilhão de créditos de carbono. O anúncio foi em Nova York, na Semana do Clima – um dos eventos paralelos à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os governos dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido, além de empresas como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart, são alguns dos compradores. O crédito de carbono é uma forma de os setores público e privado compensarem parte das emissões de gás carbônico, o CO2, um dos causadores do aquecimento global.

Árvores absorvem o CO2. Em um cenário hipotético, se cinco árvores forem preservadas, cerca de uma tonelada de CO2 deixa de ir para a atmosfera. Esta quantidade é certificada a partir de uma metodologia internacional e é considerada um crédito de carbono.

José Otávio Passos, da The Nature Conservancy, explica como é feito o cálculo. “Você mede a altura do peito e com isso você estima, pela grossura da árvore e do diâmetro que ela tem, quanto carbono tem dentro dela. E aí, como você sabe quanto cada uma tem dentro dela? Se estimar isso, você consegue estimar quanto tem dentro de uma área onde aquela árvore está de acordo com as características daquela área”.

O governador do Pará, Helder Barbalho, foi quem anunciou, nessa terça-feira (24), a venda dos créditos de carbono que devem gerar quase R$ 1 bilhão. O Pará fechou um contrato para a venda de 12 milhões de toneladas de crédito de carbono, cada uma vendida a US$ 15 – mais de duas vezes o valor de mercado, segundo o governo paraense.

Em um ano, o estado registrou uma redução de 42% nos alertas de desmatamento, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Helder Barbalho afirmou ainda que parte da arrecadação vai ser destinada a povos indígenas, quilombolas, extrativistas e investimento na agricultura familiar, e que o Pará pretende zerar as emissões.

“O Pará tem uma meta ousada de ser um estado carbono neutro até 2036. Por isso, investe em mercado de carbono para preservar o seu estoque florestal e investe na criação de novas economias baseadas na natureza, para que nós possamos garantir com que as pessoas tenham emprego e renda, tenham condição social que estejam atreladas a soluções, que não pressionem a floresta, e que, com isso, nós possamos garantir que o estado possa neutralizar as suas emissões, evitando o desmatamento”, diz o governador.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que o contrato fechado em Nova York pode aumentar o interesse estrangeiro no Brasil.

“Eu penso que tudo começa pelo aporte dos recursos públicos, se Alemanha, França, Inglaterra, Brasil, Califórnia, que como estado tem interesse nesse tipo de projeto, e outros países, como China, de repente passarem a aportar. Se nós conseguirmos o funding público, a chance de captação privada aumenta muito. Com isso, com a diferenciação de taxa de juros, você consegue remunerar a floresta em pé”.

Fonte: Jornal Nacional/G1

 

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