Senna: O que é real ou não no que é mostrado na série da Netflix

Senna, minissérie da Netflix que retrata a história do piloto brasileiro, estreia nesta sexta-feira (29). A obra, que conta com seis episódios, revisita os momentos mais marcantes da trajetória de Ayrton e transforma sua carreira em uma produção digna de Hollywood.

O brasileiro é um piloto com muitos feitos — dentro e fora das pistas —, tendo sido tricampeão mundial da Fórmula 1. E se algumas das vitórias de Senna podem parecer exageradas, a história prova que o talento do piloto é capaz de transformar o impossível em possível.

 

Em lista divulgada pela BBC Brasil, a publicação apontou oito momentos da série que parecem ficção, mas são realidade. Inspirados na postagem, o Canaltech te mostra o que é real e o que não é na produção da Netflix. Confira:


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A final do mundial de kart

Uma das maiores frustrações da carreira de Ayrton Senna foi jamais ter sido campeão mundial de kart. (Imagem: Divulgação/Netflix)

Ao longo da minissérie, a ideia de que Ayrton Senna é prejudicado pelo sistema que controla o automobilismo europeu é reforçada inúmeras vezes. A primeira ocasião em que tal injustiça é mostrada ocorre logo no primeiro episódio, quando Senna vence a última prova do campeonato mundial de kart de 1979, mas acaba perdendo o título por conta de uma mudança de regulamento da FIA — a Federação Internacional do Automóvel.

Com a vitória, Senna empatou em primeiro lugar com o holandês Peter Koene. O brasileiro acreditava que o critério de desempate era a posição de chegada na última prova, o que o tornaria vencedor. Conforme foi mostrado na obra, Ayrton chegou a comemorar o título, mas ele não sabia que as regras da atual temporada haviam sido alteradas.

Para a temporada de 1979, o critério de desempate foi modificado e se tornou a colocação das semifinais. Como Koene foi melhor nessa etapa do que Senna, o europeu acabou ficando com o título. Apesar da decisão ter sido polêmica, a mudança no regulamento não foi feita no calor do momento como foi mostrado na série.

As fitas adesivas na Fórmula 3

Após o seu sucesso na Fórmula Ford 2000, Ayrton Senna se mudou para a Fórmula 3 em 1983. No campeonato, criou uma rivalidade com o inglês Martin Brundle que durou até a última corrida da temporada. Atrás na pontuação, Senna teve que apelar para o “jeitinho brasileiro” para vencer a prova e, consequentemente, o campeonato.

O piloto e sua equipe de mecânicos colocaram fitas adesivas na entrada de ar do radiador do carro, o que faria com que a temperatura ideal de funcionamento fosse alcançada logo na primeira volta e não em voltas posteriores, como costuma ser.

A manobra, no entanto, carregava grande risco: o superaquecimento do carro. Dito e feito, o carro passou a ter problemas na sexta volta por conta do calor gerado no radiador. A solução? Senna retirou as fitas adesivas com as próprias mãos enquanto corria pelo circuito de Thruxton, na Inglaterra.

A ideia não foi tida de última hora por Senna como a série demonstra, mas ela de fato ocorreu e foi executada na pista. Com a vantagem, Ayrton venceu a prova e o campeonato e se gabaritou para pilotar um carro de Fórmula 1 na temporada de 1984.

A jornalista Laura Harrison

Assim como sua personagem na série, a atriz Kaya Scodelario também tem raízes brasileiras. (Imagem: Divulgação/Netflix)

Além da história de Senna, a minissérie também acompanha o crescimento profissional da jornalista Laura Harrison, correspondente inglesa que segue os passos do piloto brasileiro ao longo de sua carreira.

Interpretada por Kaya Scodelario, Harrison nunca existiu. A personagem é uma criação da série que busca representar alguns dos jornalistas que se tornaram próximos de Senna ao longo dos anos. Além disso, a repórter também serve como elemento dramático na hora de retratar a mídia na trama.

A relação de Senna com a mídia sempre foi complexa, mas o piloto brasileiro soube utilizar muito bem sua imagem e suas conexões para “vender o seu peixe”. Antes de entrar na Fórmula 1Ayrton costumava enviar releases das suas performances para os jornais brasileiros. Dessa forma, o piloto sempre esteve no radar da imprensa nacional e foi capaz de criar um espaço para si na mídia.

A batida em Mônaco

Conhecido como Rei de Mônaco, Senna é o piloto que mais venceu no Principado ao longo de toda a história da Fórmula 1. Suas performances em Montecarlo entraram para a história, mas a etapa de 1988 se tornou uma das maiores derrotas na carreira do brasileiro.

A McLaren de Senna era um carro extremamente dominante na temporada e o único piloto capaz de destroná-lo da pole era o seu eterno rival e companheiro de equipe, o francês Alain Prost. Com o mesmo equipamento, quem se classifica-se na frente em Mônaco teria uma grande vantagem.

Senna não tomou conhecimento de Prost e colocou 1,5 segundos de vantagem em uma única volta lançada, uma margem significativa. À época, a rivalidade dos dois começava a crescer e o brasileiro queria mandar um recado claro para o mundo: ele era melhor do que o francês.

A corrida se desenhou com grande vantagem de Senna, que chegou a estar 55 segundos na frente de Prost. A ambição de humilhar o rival, no entanto, foi a ruína do brasileiro. Sem desafiantes, Ayrton continuou a forçar o ritmo e acabou errando sozinho na entrada do túnel do Principado. Senna abandonou a corrida e Prost herdou a vitória.

Além de real, o acontecimento demonstra perfeitamente a dualidade entre Senna e Prost. O brasileiro era passional e, mesmo sendo mais rápido em muitas das ocasiões, costumava a ir para o tudo ou nada. Até quando não era necessário. Já o francês era mais racional e conhecido por sua mente fria e suas ótimas estratégias.

Os acidentes com Prost

Ayrton Senna e Alain Prost criaram a rivalidade mais famosa da história da Fórmula 1, mas se tornaram bons amigos após a aposentadoria do francês. (Imagem: Divulgação/Netflix)

Os acontecimentos que mais parecem ficção, no entanto, estão relacionados às duas batidas que aconteceram no GP de Suzuka, no Japão, em 1989 e 1990. Nas duas ocasiões, os títulos mundiais foram decididos por conta dos acidentes.

Em 1989, Prost se sagrou campeão após Senna ser desclassificado da corrida. Os dois se encontraram em uma das curvas do circuito, mas o brasileiro continuou na corrida enquanto o francês abandonou a prova.

Os comissários, no entanto, entenderam que Senna havia cortado a chicane ao retornar para a pista após o acidente, ganhando uma vantagem ilegal e sendo desclassificado por isso. Com a desclassificação de Senna, Prost faturou o título.

No ano seguinte, foi a vez de Senna dar o troco e se sagrar campeão. O palco era o mesmo, mas o brasileiro estava insatisfeito com o local de onde o pole position partiria. O piloto chegou a protestar com a FIA, mas a decisão — injusta aos olhos de Senna — foi mantida.

Com isso, o brasileiro decidiu não dar chance ao azar. Largando da primeira posição, Senna se chocou com Prost logo na primeira curva — e no mesmo lugar onde havia batido no ano anterior — e acabou com a corrida dos dois. Com o abandono de Prost, Senna faturou o título mundial.

A rivalidade entre os dois pilotos de fato aconteceu e foi elevada até a última potência na vida real. Senna só é do tamanho que é no esporte porque enfrentou outro gigante da modalidade, Alain Prost.

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