Em termos reais, máxima histórica do dólar foi de R$ 8,75

O recorde que a cotação do dólar bateu nesta sexta-feira (29/11), ao atingir a marca de R$ 6,05 (Ptax, valor divulgado pelo Banco Central), é nominal. Ou seja, o valor não considera uma série de variantes, como é o caso da inflação. Levando-se esses fatores em conta, a moeda americana está longe da máxima histórica.

Um levantamento realizado pela consultoria Elos Ayta – com base em dados dos últimos 30 anos – mostra que, levando-se em conta a inflação no Brasil (IPCA) e nos Estados Unidos (CPI-U), o dólar atingiu o maior valor real em setembro de 2002. Na ocasião, a moeda americana chegou a R$ 8,75 (o número corrigido), quando o mercado entrou em pânico com a vitória iminente de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais.

Outros picos superiores ao atual foram registrados em julho de 2001, com R$ 6,40, e em outubro de 2020, com R$ 6,73.

Einar Rivero, sócio e analista da Elos Ayta, observa que o cálculo se baseia na paridade de poder de compra (PPC), ou PPP (purchasing power parity, na sigla em inglês). Esse critério considera apenas a inflação acumulada nos dois países. Mas outros fatores que influenciam o câmbio, como a taxa de juros, os níveis de reservas internacionais, o risco país e o fluxo de capitais, ficam de fora do cálculo.

Nos últimos pregões, a moeda americana valorizou-se de forma intensa, como uma reação do mercado ao pacote de corte de gastos e mudanças na faixa de isenção do Imposto de Renda. Na quinta-feira, o dólar à vista fechou a R$ 5,91. No ano, o dólar registra valorização de 21,84% em relação ao real.

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