Por que o calor está tão intenso e atípico no Brasil? Entenda

Até o mês de outubro, o Brasil já enfrentou oito ondas de calor. Para além dos períodos em que o fenômeno ocorreu, a sensação geral é que as temperaturas estão mais quentes e atípicas. Isso está longe longe de ser uma simples impressão, já que o cenário pode ser explicado pelo fato de que 2024 caminha para se tornar o ano mais quente da história recente, superando o recorde de 2023.

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  • Aquecimento global atinge ritmo sem precedentes e afeta o Brasil
  • Ondas de calor vão piorar no Brasil, se medidas não forem adotadas

As temperaturas recordes de 2024 são apontadas pelo novo relatório do World Resources Institute (WRI). Com base nos EUA, a organização reúne centenas de cientistas para analisar os principais problemas do globo, o que inclui o clima e o aquecimento global. 

As projeções do WRI indicam que a média global de temperatura está se aproximando do limite crítico de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, quase rompendo com o Acordo de Paris. Se o ritmo de emissões de gases poluentes se mantiver igual, até 2100, o mundo poderá atingir 3 °C de aquecimento. 


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Conforme as temperaturas se elevam em relação aos níveis pré-industriais, alguns países sentem de forma mais direta esses efeitos. Por exemplo, os eventos extremos, como ondas de calor, chuvas torrenciais e secas prolongadas, ficam mais intensos e frequentes. Esta é uma das principais consequências da mudança no clima, como aponta o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). 

Aumento das temperaturas globais impacta diretamente o Brasil e o país já registrou oito ondas de calor desde o começo do ano (Imagem: Wayhomestudio/Freepik)

Inclusive, o Brasil já registrou um evento extremo com as tragédias provocadas pelas chuvas e alagamentos no Rio Grande do Sul no começo deste ano. Agora, uma severa crise hídrica se estende por inúmeros estados. Um dos símbolos é o Rio Negro que bate um recorde negativo devido à seca na Amazônia

Todo o cenário pode causar um tipo de angústia, conhecida como ansiedade climática, que já é acompanhada por profissionais na área da psicologia.

Ondas de calor mais frequentes?

Se as temperaturas subirem realmente 3 °C, é esperado que inúmeras cidades ao redor do mundo enfrentem ondas de calor que vão durar quase um mês. Considerando a realidade brasileira, os especialistas do Climatempo compreendem que os fenômenos irão afetar de forma desigual o país.

“As regiões Norte e Nordeste, com altas temperaturas e infraestrutura mais precária, serão as mais impactadas”, indica a empresa de meteorologia. “O Centro-Oeste, por sua vez, pode enfrentar secas mais frequentes, afetando a produção agrícola e aumentando os riscos de incêndios florestais”, acrescenta.

Medidas de resiliência climática

Para se organizar contra esse possível futuro, além de reduzir as emissões de gases poluentes, é preciso investir em estratégias de resiliência climática. Basicamente, são projetos e iniciativas que buscam reduzir os danos à vida causados pelo clima. 

Pensando na questão estrutural, é preciso adotar novas técnicas de construção, favorecendo a circulação natural do ar (ventilação) e limitar o uso de materiais reflexivos. Em paralelo, é necessário expandir as áreas verdes, com praças e bosques dentro das cidades. Em relação às chuvas, as cidades-esponja podem ser um bom modelo a ser seguido.

Apesar dessas medidas surtirem efeitos, em caso de necessidade, é preciso garantir a equidade no acesso de equipamentos de resfriamento, como ar-condicionado, climatizadores ou mesmo umidificadores.

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