Depois que Jair Bolsonaro virou r\u00e9u no processo por tentativa de golpe de Estado, a imprensa est\u00e1 empenhada em afirmar que o pa\u00eds n\u00e3o est\u00e1 sob uma ditadura do STF, como repetem os bolsonaristas.<\/p>\n

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Um dos jornais, o Estad\u00e3o, disse que \u201cos desvios da Corte significam n\u00e3o uma ditadura, mas o abastardamento da democracia. A imprensa profissional trabalha sem censura, o Congresso adquiriu poderes at\u00e9 excessivos sobre o Executivo e o debate \u00e9 livre \u2014 a ponto, inclusive, de assegurar a liberdade deste jornal de ser inclemente nas cr\u00edticas a alguns ministros do STF\u201d.<\/p>\n

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De fato, a democracia brasileira, no seu abastardamento, faz supor que a imprensa profissional (existiria outra?) est\u00e1 completamente livre para fazer o seu trabalho. Mas \u00e9 uma suposi\u00e7\u00e3o falsa.<\/p>\n

Hoje, a autocensura regula a imprensa brasileira em rela\u00e7\u00e3o ao STF. \u00c9 imposs\u00edvel publicar reportagens objetivas sobre aspectos suspeitos da vida de magistrados da mais alta corte brasileira.<\/p>\n

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A autocensura se estabeleceu a partir de 2019, depois da censura direta \u00e0 revista que fundei. Embora a censura tenha sido levantada por causa do clamor p\u00fablico, ficou claro para os jornais que era arriscado demais mexer com certos defensores transigentes dos pilares democr\u00e1ticos \u2014 e tamb\u00e9m n\u00e3o era estrat\u00e9gico, visto que Jair Bolsonaro era o inimigo comum.<\/p>\n

A censura direta foi substitu\u00edda pela censura indireta, com o ocultamento \u201cespont\u00e2neo\u201d de reportagens sobre integrantes do STF que j\u00e1 estavam no ar, ap\u00f3s o recebimento de telefonemas amea\u00e7adores, e com o engavetamento puro e simples de apura\u00e7\u00f5es de rep\u00f3rteres investigativos \u2014 que, agora, j\u00e1 se autocensuram para o al\u00edvio dos seus editores.<\/p>\n