{"id":213723,"date":"2025-03-31T13:07:16","date_gmt":"2025-03-31T16:07:16","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/213723"},"modified":"2025-03-31T13:07:16","modified_gmt":"2025-03-31T16:07:16","slug":"o-movimento-dos-nao-alinhados","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/213723","title":{"rendered":"O Movimento dos N\u00e3o Alinhados"},"content":{"rendered":"
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Conflitos comerciais de Trump, Guerra da Ucr\u00e2nia, genoc\u00eddio em Gaza, mudan\u00e7a clim\u00e1ticas. Os pa\u00edses do Norte Global s\u00e3o protagonistas nessas discuss\u00f5es, enquanto o Sul Global sofre com a desigualdade e os efeitos das transforma\u00e7\u00f5es e heran\u00e7as capitalistas. Estiv\u00e9ssemos nos anos 1960 e 70, talvez os l\u00edderes do Movimento dos Pa\u00edses N\u00e3o Alinhados tivessem alguma relev\u00e2ncia desse debate.<\/p>\n

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Um caminho alternativo e soberano dos pa\u00edses em desenvolvimento em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Guerra Fria. Assim nasceu em 1961, Movimento dos Pa\u00edses N\u00e3o Alinhados (MNA), bloco pol\u00edtico-diplom\u00e1tico que, entre a submiss\u00e3o aos EUA ou \u00e0 URSS, defendia autodetermina\u00e7\u00e3o, o combate ao imperialismo e uma economia global mais justa, sendo a voz do Sul Global. O grupo re\u00fane 120 na\u00e7\u00f5es e representa 55% da popula\u00e7\u00e3o mundial.<\/p>\n

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O embri\u00e3o do MNA foi a Confer\u00eancia de Bandun, realizada em 1955, na Indon\u00e9sia, onde l\u00edderes de pa\u00edses rec\u00e9m-independentes discutiram formas de combater o colonialismo e fortalecer sua posi\u00e7\u00e3o no cen\u00e1rio internacional. Seis anos depois, o movimento foi formalizado na Confer\u00eancia de Belgrado, liderado pelo iugoslavo Josip Broz Tito, o indiano Jawaharlal Nehru, o eg\u00edpcio Gamal Abdel Nasser e o indon\u00e9sio Sukarno. Na ONU, o grupo marcou posi\u00e7\u00e3o pela luta fim do apartheid na \u00c1frica do Sul e o apoio a movimentos de independ\u00eancia na \u00c1frica e na Am\u00e9rica Latina. O Brasil jamais integrou o grupo.<\/p>\n

No entanto, o movimento come\u00e7ou a perder for\u00e7a com a dissolu\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica, em 1991. Nos anos 2000, o grupo passou a se concentrar em temas como desenvolvimento sustent\u00e1vel, desigualdade global e defesa do multilateralismo. No entanto, a ascens\u00e3o da China, e o multilateralismo criou em um novo dilema: como equilibrar rela\u00e7\u00f5es do grupo?<\/p>\n

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A pol\u00edtica de san\u00e7\u00f5es do primeiro governo Trump afetou diretamente membros do MNA, como Ir\u00e3, Cuba e Venezuela. A retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre o clima tamb\u00e9m desagradou o bloco, que tradicionalmente defende medidas ambientais mais fortes. Diante desse cen\u00e1rio, o MNA passou a se aproximar mais da China e da R\u00fassia. A dist\u00e2ncia em rela\u00e7\u00e3o aos EUA deve aumentar no segundo mandato laranja.<\/p>\n

Na vota\u00e7\u00e3o da ONU que condenou a invas\u00e3o russa \u00e0 Ucr\u00e2nia, \u00cdndia, \u00c1frica do Sul e Arg\u00e9lia se abstiveram enquanto Cuba e Nicar\u00e1gua apoiaram Moscou. Essa postura refor\u00e7ou a ideia de que o MNA ainda preserva sua identidade de n\u00e3o alinhamento, mas tamb\u00e9m exp\u00f4s as fragilidades do movimento, que n\u00e3o conseguiu adotar uma posi\u00e7\u00e3o conjunta sobre o conflito.<\/p>\n

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A Palestina sempre foi um tema central para a coaliz\u00e3o, que desde sua funda\u00e7\u00e3o defende o direito a um estado soberano e condena a ocupa\u00e7\u00e3o israelense.\u00a0Apesar de ser uma posi\u00e7\u00e3o majorit\u00e1ria, \u00cdndia e Egito mant\u00eam uma postura diplom\u00e1tica, buscando intermedia\u00e7\u00e3o no conflito.<\/p>\n

A ascens\u00e3o econ\u00f4mica da China e sua rivalidade com os EUA representam um dos maiores desafios para o MNA no s\u00e9culo XXI. Pequim tem investido bilh\u00f5es de d\u00f3lares em pa\u00edses n\u00e3o alinhados, financiando projetos de infraestrutura na \u00c1frica, Am\u00e9rica Latina e \u00c1sia.\u00a0 A \u00cdndia, um dos l\u00edderes hist\u00f3ricos do MNA, tem buscado equilibrar rela\u00e7\u00f5es com ambos os lados, mas existem d\u00favidas sobre um poss\u00edvel neocolonialismo econ\u00f4mico chin\u00eas dentro do bloco.<\/p>\n

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Sua \u00faltima reuni\u00e3o de c\u00fapula ocorreu ano passado em Uganda e gerou a Declara\u00e7\u00e3o de Kampala. O documento estabelece a reafirma\u00e7\u00e3o do n\u00e3o alinhamento em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 disputa entre EUA, China e R\u00fassia, critica a pol\u00edtica \u201cdois pesos e duas medidas\u201d do Ocidente\u201d, que condena a R\u00fassia pela invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia, mas apoia Israel contra os palestinos e mais uma vez faz um pedido por reformas na governan\u00e7a global**, com maior participa\u00e7\u00e3o dos pa\u00edses do Sul Global em organiza\u00e7\u00f5es como o FMI e o Banco Mundial.<\/p>\n

Sem blocos bem definidos, fica a pergunta: n\u00e3o alinhado a o qu\u00ea? \u00a0No momento, o grupo \u00e9 muito mais um f\u00f3rum de discursos do que um agente de transforma\u00e7\u00e3o real no cen\u00e1rio internacional.\u00a0A tentativa de fortalecer um bloco econ\u00f4mico nunca ocorreu e estaria muito pr\u00f3xima do projeto do Brics, mas isso seria um escolher o lado da China e da R\u00fassia.<\/p>\n

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