{"id":216212,"date":"2025-04-03T12:32:50","date_gmt":"2025-04-03T15:32:50","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/216212"},"modified":"2025-04-03T12:32:50","modified_gmt":"2025-04-03T15:32:50","slug":"crimes-de-racismo-no-futebol-impulsionam-violencia-e-exigem-punicao-rapida","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/216212","title":{"rendered":"Crimes de racismo no futebol impulsionam viol\u00eancia e exigem puni\u00e7\u00e3o r\u00e1pida"},"content":{"rendered":"
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As discuss\u00f5es sobre a viol\u00eancia no futebol est\u00e3o cada vez mais intensas, principalmente em torno das puni\u00e7\u00f5es a crimes sem agress\u00e3o f\u00edsica, como racismo, ass\u00e9dio e provoca\u00e7\u00f5es com gestos e xingamentos. O caso mais recente foi registrado na tarde da \u00faltima segunda-feira, 31, em Porto Alegre (RS), durante um jogo entre Internacional e Sport, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Uma atleta do time pernambucano e a quarta \u00e1rbitra da partida denunciaram que uma casca e um peda\u00e7o de banana foram jogados em dire\u00e7\u00e3o ao banco de reserva das visitantes. O Sport registrou um boletim de ocorr\u00eancia e o Superior Tribunal de Justi\u00e7a Desportiva (STJD) tirou o mando de campo do clube ga\u00facho pelos pr\u00f3ximos tr\u00eas jogos do torneio. J\u00e1 o Inter identificou que os objetos foram atirados por uma jogadora da sua pr\u00f3pria categoria de base e rescindiu o contrato dela.<\/p>\n
A puni\u00e7\u00e3o deste caso, r\u00e1pida e fulminante, n\u00e3o teve a mesma intensidade em outro incidente de grande repercuss\u00e3o: o que aconteceu em Assun\u00e7\u00e3o (Paraguai), em 6 de mar\u00e7o, quando torcedores do Cerro Porte\u00f1o imitaram macacos para ofender e provocar os jogadores do time sub-20 do Palmeiras, que disputavam a Ta\u00e7a Libertadores Sub-20. Um dos jogadores, o atacante Luighi, chorou e fez um forte desabafo na entrevista ap\u00f3s o jogo, cobrando puni\u00e7\u00f5es mais en\u00e9rgicas da Conmebol (Confedera\u00e7\u00e3o Sul-Americana de Futebol) contra clubes e torcedores que pratiquem atos de racismo. A entidade, no entanto, apenas aplicou uma multa de US$ 50 mil ao clube paraguaio.<\/p>\n
Os epis\u00f3dios refor\u00e7am a sensa\u00e7\u00e3o de impunidade provocada por falhas na atua\u00e7\u00e3o das autoridades policiais, judici\u00e1rias e desportivas. Na avalia\u00e7\u00e3o de Cleberson Tavares Costa, professor do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit) e especializado em psicologia esportiva, estudos cient\u00edficos da \u00e1rea explicam os fen\u00f4menos do futebol como extens\u00e3o dos problemas e fen\u00f4menos que existem na sociedade, somados a uma impunidade ainda maior que o considerado \u2018normal\u2019. \u201cDentro de campo ou nas arquibancadas, dentre os principais motivos, est\u00e1 a facilidade de se cometer um crime e n\u00e3o ser penalizado por isso. No futebol, muitos crimes s\u00e3o relativizados\u201d, diz ele.<\/p>\n
O professor refere-se principalmente \u00e0s ofensas e provoca\u00e7\u00f5es de cunhos racistas e homof\u00f3bicos, que muitas destas torcidas costumam dirigir aos advers\u00e1rios durante os jogos. Em jogos da Ta\u00e7a Libertadores da Am\u00e9rica, torcedores de times do Uruguai e da Argentina costumam fazer imita\u00e7\u00f5es de macacos para ofender os rivais brasileiros, que respondem rasgando notas de peso, moeda oficial desses pa\u00edses.<\/p>\n
Em sua defesa, eles alegam que as provoca\u00e7\u00f5es e xingamentos s\u00e3o uma forma de desestabilizar o time advers\u00e1rio. Um argumento que n\u00e3o se sustenta. \u201cCom certeza, essa pr\u00e1tica desestabiliza, mas n\u00e3o \u00e9 aceit\u00e1vel por causa disso. Acertar um soco em algu\u00e9m, uma cusparada, ou qualquer outro ato f\u00edsico tamb\u00e9m desestabiliza, mas \u00e9 prontamente punido, e com rigor. Assim deve ser em casos de viol\u00eancia racial. A puni\u00e7\u00e3o deve ser severa, tanto quanto em casos de viol\u00eancia f\u00edsica\u201d, argumenta Cleberson.<\/p>\n
Dentro de campo<\/strong><\/p>\n Muitas vezes, o comportamento violento de torcedores acaba potencializado pelas atitudes tomadas por jogadores e dirigentes dentro de campo. Um exemplo vem da \u00faltima final do Campeonato Catarinense, onde um jogador da Chapecoense foi flagrado agredindo torcedores do Ava\u00ed que invadiram o campo do Est\u00e1dio da Ressacada, em Florian\u00f3polis (SC), e comemoraram a conquista do t\u00edtulo estadual. O clube de Chapec\u00f3 admitiu o erro de seu jogador, mas acusou a Federa\u00e7\u00e3o Catarinense de manipular a arbitragem para favorecer o time da capital.<\/p>\n Para o professor, estas rea\u00e7\u00f5es de jogadores e dirigentes a quest\u00f5es da arbitragem ou do regulamento tamb\u00e9m estimulam epis\u00f3dios violentos. \u201cPrecisamos avaliar estas posturas como parte da viol\u00eancia no esporte, tamb\u00e9m. Acusa\u00e7\u00f5es sem provas contra dirigentes e a arbitragem se configuram como pr\u00e1ticas de viol\u00eancia e que estimulam a viol\u00eancia no esporte contra estes atores, o que pouca gente coloca em pauta. \u00c9 importante que tenhamos uma reeduca\u00e7\u00e3o que alcance a paz no esporte para todos os envolvidos\u201d, alerta Cleberson.<\/p>\n Agress\u00f5es e mortes<\/strong><\/p>\n O contexto de rivalidade e de provoca\u00e7\u00f5es acaba se somando a outro problema grave que j\u00e1 acomete o futebol h\u00e1 muito tempo: os confrontos armados de rua entre torcidas uniformizadas rivais. Um dos mais violentos aconteceu em 1\u00ba de fevereiro, no Recife (PE), onde membros das organizadas do Sport e do Santa Cruz se enfrentaram com pedras, peda\u00e7os de pau, barras de ferro, bombas caseiras e muitos fogos de artif\u00edcio. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas, sendo tr\u00eas em estado grave. Na mesma semana, as cenas de guerra se repetiram em Fortaleza (CE), entre as torcidas do Cear\u00e1 e do Fortaleza; e em Belo Horizonte (MG), com as organizadas do Cruzeiro e do Atl\u00e9tico. Em cada uma delas, mais de 100 envolvidos nas brigas foram detidos pela Pol\u00edcia Militar.<\/p>\n Em S\u00e3o Paulo, onde brigas como essa provocaram cerca de 20 mortes dentro dos est\u00e1dios no in\u00edcio da d\u00e9cada de 1990 e depois passaram a acontecer nas ruas e em bairros das periferias, a Federa\u00e7\u00e3o Paulista de Futebol (FPF) adotou, desde 2016, a presen\u00e7a de uma \u00fanica torcida nos jogos entre os grandes clubes da capital (Corinthians, Palmeiras e S\u00e3o Paulo), de Santos (Santos FC) e de Campinas (Guarani e Ponte Preta). A mesma medida foi adotada em Pernambuco ap\u00f3s os incidentes de fevereiro.<\/p>\n O professor Cleberson acredita que a ado\u00e7\u00e3o de medidas como a torcida \u00fanica e a proibi\u00e7\u00e3o da entrada de faixas e bandeiras n\u00e3o s\u00e3o eficazes no enfrentamento ao problema da viol\u00eancia. \u201cAcredito n\u00e3o ser o melhor caminho, por voc\u00ea decretar que as institui\u00e7\u00f5es s\u00e3o menores que o fen\u00f4meno, e isso fortalece a sensa\u00e7\u00e3o nos violentos de que eles est\u00e3o acima do controle social. O ideal \u00e9 que pol\u00edticas p\u00fablicas e as institui\u00e7\u00f5es envolvidas na organiza\u00e7\u00e3o de eventos futebol\u00edsticos, ajam de forma conjunta, de maneira a ter o controle das circunst\u00e2ncias\u201d, orienta, sugerindo medidas como a aplica\u00e7\u00e3o de leis, o suporte t\u00e9cnico aos profissionais de seguran\u00e7a, pr\u00e1ticas que incentivem a ida de mulheres e crian\u00e7as aos est\u00e1dios, e outras atividades que reforcem o comportamento pac\u00edfico e excluam os envolvidos em crimes e pr\u00e1ticas violentas ou ilegais.<\/p>\n Fonte: Asscom Unit<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" \u00a0 As discuss\u00f5es sobre a viol\u00eancia no futebol est\u00e3o cada vez mais intensas, principalmente em torno das puni\u00e7\u00f5es a crimes sem agress\u00e3o f\u00edsica, como racismo, ass\u00e9dio e provoca\u00e7\u00f5es com gestos e xingamentos. O caso mais recente foi registrado na tarde da \u00faltima segunda-feira, 31, em Porto Alegre (RS), durante um… Continue lendo