{"id":6299,"date":"2024-03-10T13:55:07","date_gmt":"2024-03-10T16:55:07","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/6299"},"modified":"2024-03-10T13:55:07","modified_gmt":"2024-03-10T16:55:07","slug":"cientista-explica-se-feromonios-humanos-existem-de-verdade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/6299","title":{"rendered":"Cientista explica se ferom\u00f4nios humanos existem de verdade"},"content":{"rendered":"
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Em 1959, os pesquisadores Peter Karlson e Martin Luscher cunharam o termo \u201cferom\u00f4nios\u201d para designar as subst\u00e2ncias secretadas por um indiv\u00edduo que desencadeiam uma rea\u00e7\u00e3o comportamental ou end\u00f3crina estereotipada (n\u00e3o aprendida) em indiv\u00edduos espec\u00edficos. Entre eles, os mais populares foram (e s\u00e3o) os chamados ferom\u00f4nios sexuais, descritos pela primeira vez em mariposas da seda f\u00eameas (Bombix mori<\/em>).<\/p>\n

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Sem a necessidade de experi\u00eancia pr\u00e9via, pequenas quantidades desse ferom\u00f4nio feminino atraem imediatamente os machos de sua esp\u00e9cie, facilitando a reprodu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A exist\u00eancia de ferom\u00f4nios humanos foi imediatamente sugerida, o que inevitavelmente atrairia indiv\u00edduos do outro sexo. Col\u00f4nias, perfumes e desodorantes com essas supostas subst\u00e2ncias podem ser encontrados na internet, alimentando os sonhos lascivos dos ignorantes.<\/p>\n

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    O fato \u00e9 que, at\u00e9 o in\u00edcio do s\u00e9culo 21, n\u00e3o foram identificados ferom\u00f4nios sexuais em nenhuma esp\u00e9cie de mam\u00edfero. Isso foi dif\u00edcil porque, para provar que uma subst\u00e2ncia age como tal, \u00e9 preciso demonstrar que ela \u00e9 atraente para indiv\u00edduos do outro sexo sem nenhuma experi\u00eancia anterior com eles ou com seus odores. Ou seja, em indiv\u00edduos privados de contato social at\u00e9 o momento do experimento.<\/p>\n

    O segredo qu\u00edmico dos camundongos machos<\/h4>\n

    No in\u00edcio dos anos 2000, em nosso laborat\u00f3rio de Neuroanatomia Funcional Comparativa na Universidade de Val\u00eancia, criamos camundongos f\u00eameas sem machos ou seus odores (f\u00eameas sozinhas, com suas m\u00e3es e irm\u00e3s) at\u00e9 a idade adulta. Submetemos essas f\u00eameas \u201cquimicamente virgens\u201d a um teste simples de escolha entre caixas de serragem anteriormente usadas por machos adultos \u2013 com um odor caracter\u00edstico intenso \u2013 e outros tipos de \u201ccamas\u201d: com serragem limpa ou obtida de caixas de f\u00eameas ou de machos castrados.<\/p>\n

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    Bem, as f\u00eameas exploraram mais a serragem dos machos quando permitimos o contato direto de seus focinhos com ela. Mas se uma plataforma perfurada permitia a passagem do odor, mas impedia o contato com a serragem, n\u00e3o havia prefer\u00eancia.<\/p>\n

    O motivo desses resultados \u00e9 que o ferom\u00f4nio masculino atraente do camundongo \u00e9 uma prote\u00edna urin\u00e1ria n\u00e3o vol\u00e1til, de um tipo conhecido genericamente como lipocalinas. As lipocalinas possuem \u201cbolsas hidrof\u00f3bicas\u201d nas quais ret\u00eam \u2013 e protegem da degrada\u00e7\u00e3o \u2013 compostos odor\u00edferos feitos com lip\u00eddios (gorduras) vol\u00e1teis.<\/p>\n

    Anos mais tarde, Jane Hurst e Rob Beynon, da Universidade de Liverpool, identificaram a lipocalina masculina que desencadeia a atra\u00e7\u00e3o sexual. Eles a batizaram de darcina, em homenagem ao Sr. Darcy, o atraente protagonista masculino do romance Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito) de Jane Austen.<\/p>\n

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    Foi demonstrado que a darcina n\u00e3o \u00e9 detectada pelo epit\u00e9lio olfativo dos camundongos, mas por seu \u00f3rg\u00e3o vomeronasal (VNO) ou \u00f3rg\u00e3o de Jacobson, cujos neur\u00f4nios expressam receptores de membrana espec\u00edficos para diferentes ferom\u00f4nios. Portanto, aceita-se que o VNO seja o \u00f3rg\u00e3o respons\u00e1vel pela detec\u00e7\u00e3o de ferom\u00f4nios.<\/p>\n

    Existe algo semelhante em humanos?<\/h4>\n

    Gra\u00e7as a Charles Wysocki e George Preti fazendo essa mesma pergunta, sabemos que possu\u00edmos gl\u00e2ndulas sudor\u00edparas ap\u00f3crinas axilares que produzem \u00e1cidos graxos odor\u00edferos e derivados de andr\u00f3genos (androstenona, androstenol e androstadienona). Esses s\u00e3o bons candidatos a ferom\u00f4nios sexuais masculinos humanos, pois s\u00e3o mais abundantes em homens do que em mulheres, e aparecem na urina e no suor axilar somente ap\u00f3s a puberdade. Al\u00e9m disso, esses compostos est\u00e3o associados a lipocalinas semelhantes \u00e0 darcina.<\/p>\n

    No entanto, v\u00e1rios motivos nos levam a crer que essas subst\u00e2ncias n\u00e3o atuam como ferom\u00f4nios:<\/p>\n

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