{"id":6825,"date":"2024-03-11T16:36:51","date_gmt":"2024-03-11T19:36:51","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/6825"},"modified":"2024-03-11T16:36:51","modified_gmt":"2024-03-11T19:36:51","slug":"baixas-taxas-de-investimento-sinalizam-alerta-para-a-economia-do-pais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia5.jornalfloripa.com.br\/agencia5jf\/6825","title":{"rendered":"Baixas taxas de investimento sinalizam alerta para a economia do pa\u00eds"},"content":{"rendered":"
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Como diz o velho chav\u00e3o, o Brasil \u00e9 um pa\u00eds marcado por contradi\u00e7\u00f5es. Enquanto o produto interno bruto (PIB) cresceu 2,9% em 2023, no embalo da for\u00e7a do agroneg\u00f3cio, a taxa de investimento, que se destina \u00e0 amplia\u00e7\u00e3o da capacidade produtiva, recuou para o n\u00famero mais baixo desde 2019. O \u00edndice atual, de 16,5% do PIB, est\u00e1 aqu\u00e9m da m\u00e9dia da maioria das economias emergentes e bem distante do n\u00edvel recorde observado nas d\u00e9cadas de 70 e 80 do s\u00e9culo passado, quando era de 22%. Ou seja, regredimos no tempo. Taxas p\u00edfias de investimentos condenam o pa\u00eds a crescimentos modestos, como tem sido sua m\u00e9dia, e impedem que melhorem os n\u00edveis de produtividade, fator indispens\u00e1vel para qualquer na\u00e7\u00e3o avan\u00e7ar. \u201cPrecisamos de investimentos para fazer a economia rodar\u201d, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comentar os resultados do PIB. \u201cNo ano passado, a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, o consumo das fam\u00edlias, o consumo do governo e as exporta\u00e7\u00f5es puxaram a economia. Investimento foi a vari\u00e1vel que menos acompanhou essa evolu\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n
No Brasil, o n\u00edvel de poupan\u00e7a \u00e9 baixo e a taxa b\u00e1sica de juros \u00e9 elevada, o que acaba desestimulando investimentos de boa qualidade, provenientes principalmente da iniciativa privada. Al\u00e9m disso, o Estado tem papel preponderante na inje\u00e7\u00e3o de recursos na economia, e isso est\u00e1 longe de ser o ideal. \u201cEnquanto n\u00e3o melhorarmos todas essas frentes, seguiremos com uma taxa de investimento muito pequena\u201d, diz Felipe Salto, economista-chefe da corretora Warren Investimentos e ex-secret\u00e1rio da Fazenda e Planejamento de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n
Diversas raz\u00f5es explicam os baixos n\u00edveis de investimentos no Brasil. \u201cA instabilidade pol\u00edtica, econ\u00f4mica e at\u00e9 mesmo jur\u00eddica acaba afugentando empres\u00e1rios e investidores\u201d, afirma Claudio Frischtak, economista e s\u00f3cio da consultoria Inter.B. Some-se a isso o n\u00edvel irris\u00f3rio do chamado estoque de capital, conjunto de ativos acumulados por uma economia \u2014 como m\u00e1quinas, equipamentos e constru\u00e7\u00e3o \u2014, e o que se v\u00ea \u00e9 um quadro alarmante. Em 2024, a previs\u00e3o do governo \u00e9 de que esse estoque corresponda a 35,5% do PIB, enquanto o n\u00edvel que refletiria um pa\u00eds dotado de uma infraestrutura razoavelmente suficiente deveria ser de ao menos 60% do PIB. O mais perto desse padr\u00e3o das economias desenvolvidas que o Brasil chegou foi no in\u00edcio dos anos 1980, quando o indicador registrou 54% do PIB. No Jap\u00e3o, o estoque de capital \u00e9 de impressionantes 179% do PIB; na China, 76%; na Alemanha, 71%.<\/p>\n
O caminho mais curto para acelerar os n\u00edveis de investimentos passa pelo aperfei\u00e7oamento do ambiente de neg\u00f3cios. Nesse aspecto, as reformas que foram aprovadas \u2014 trabalhista, previdenci\u00e1ria e, mais recentemente, tribut\u00e1ria \u2014 apontam para uma evolu\u00e7\u00e3o. De fato, elas chegaram a surtir algum efeito recentemente. A taxa de investimento chegou a 19% do PIB no final de 2021, quando as novas regras trabalhistas e previdenci\u00e1rias j\u00e1 estavam em vigor. No entanto, os efeitos adversos da pandemia, como infla\u00e7\u00e3o alta e a consequente eleva\u00e7\u00e3o da Selic, a taxa b\u00e1sica de juros da economia, frearam os avan\u00e7os, culminando no \u00edndice fraco de 2023. O investimento direto estrangeiro, que compila aportes vindos do exterior para gerar produ\u00e7\u00e3o no pa\u00eds, somou 74,6 bilh\u00f5es de d\u00f3lares no ano passado, com queda de 17% ante 2022.<\/p>\n
H\u00e1 expectativa de que os investimentos voltem a subir nos pr\u00f3ximos anos, em resposta \u00e0s reformas que foram aprovadas. \u201cProjetamos um crescimento de aproximadamente 2% para a taxa de investimento em 2024, com uma expectativa de maior impulso a partir de 2025\u201d, diz Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tend\u00eancias Consultoria. A casa estima que os investimentos chegar\u00e3o a 20% do PIB at\u00e9 2032 \u2014 um avan\u00e7o consider\u00e1vel, mas ainda distante das reais necessidades brasileiras. A \u00faltima vez que o Brasil atingiu esse patamar foi em 2010, em um contexto econ\u00f4mico inflado por pr\u00e1ticas que envolviam forte financiamento p\u00fablico, muitas vezes \u00e0s custas do Tesouro.<\/p>\n
H\u00e1, portanto, longo caminho a ser trilhado at\u00e9 que o Brasil aproxime seus indicadores dos n\u00edveis encontrados entre as na\u00e7\u00f5es mais din\u00e2micas. Pa\u00edses como \u00cdndia e Indon\u00e9sia t\u00eam taxas de investimento anual de 30% do PIB. A China, mais de 40%. \u201c\u00c9 fundamental que o investimento cres\u00e7a, mas sob preceitos corretos\u201d, diz Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais da Funda\u00e7\u00e3o Getulio Vargas. O governo Lula, historicamente adepto do aumento dos gastos p\u00fablicos, mira agora uma agenda de reindustrializa\u00e7\u00e3o. \u201cN\u00f3s precisamos levantar a taxa de investimento e, assim, melhorar a produtividade\u201d, diz a VEJA<\/em> Geraldo Alckmin, vice-presidente da Rep\u00fablica e ministro do Desenvolvimento, Ind\u00fastria, Com\u00e9rcio e Servi\u00e7os.<\/p>\n Alckmin aponta diversas frentes de atua\u00e7\u00e3o para incrementar o investimento. A primeira delas \u00e9 o programa de deprecia\u00e7\u00e3o \u201csuperacelerada\u201d, que visa a estimular a renova\u00e7\u00e3o do parque fabril, dando prioridade \u00e0 ind\u00fastria de transforma\u00e7\u00e3o. Em sua fase inicial, o incentivo contar\u00e1 com 3,4 bilh\u00f5es de reais em 2024 e 2025. Al\u00e9m disso, h\u00e1 tamb\u00e9m um projeto de lei que prev\u00ea a cria\u00e7\u00e3o da letra de cr\u00e9dito de desenvolvimento (LCD), para baratear o acesso a linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ\u00f4mico e Social (BNDES). A \u00faltima das medidas, ao menos por enquanto, \u00e9 o programa Mover, que oferece 19 bilh\u00f5es de reais em incentivos fiscais ao setor automotivo at\u00e9 2028.<\/p>\n O programa j\u00e1 animou as montadoras. Na semana passada, a japonesa Toyota e a \u00edtalo-franco-americana Stellantis anunciaram novos ciclos de investimentos no pa\u00eds, juntando-se \u00e0 sul-coreana Hyundai, \u00e0 alem\u00e3 Volkswagen, \u00e0 americana GM e \u00e0 chinesa BYD, que tamb\u00e9m prometem aportes bilion\u00e1rios. A expectativa \u00e9 de que o setor invista 100 bilh\u00f5es de reais por aqui at\u00e9 2032. S\u00e3o exemplos pontuais que n\u00e3o expressam o quadro completo. Os n\u00edveis de investimentos permanecem baixos para uma na\u00e7\u00e3o com tantas defici\u00eancias como o Brasil. Enquanto isso n\u00e3o mudar, o pa\u00eds seguir\u00e1 crescendo aqu\u00e9m do que precisa.<\/p>\n Fonte: VEJA<\/em><\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" \u00a0 Como diz o velho chav\u00e3o, o Brasil \u00e9 um pa\u00eds marcado por contradi\u00e7\u00f5es. Enquanto o produto interno bruto (PIB) cresceu 2,9% em 2023, no embalo da for\u00e7a do agroneg\u00f3cio, a taxa de investimento, que se destina \u00e0 amplia\u00e7\u00e3o da capacidade produtiva, recuou para o n\u00famero mais baixo desde 2019…. Continue lendo