Voc\u00ea j\u00e1 ouviu um eleitor comum se queixar-se da polariza\u00e7\u00e3o que vive o pa\u00eds \u2013 lulistas de um lado, bolsonaristas do outro? Fora os pol\u00edticos que se sentem imprensados, e a m\u00eddia que n\u00e3o se sente representada por nenhum dos polos, nunca ouvi Sua\u00a0Excel\u00eancia, o Eleitor, queixar-se da polariza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Talvez por ter sido a primeira pelo voto popular depois da ditadura, talvez pela quantidade de candidatos (21), a elei\u00e7\u00e3o presidencial de 1989 foi a \u00fanica n\u00e3o polarizada. Fernando Collor abriu larga vantagem logo no in\u00edcio, e Lula e Leonel Brizola\u00a0disputaram voto a voto o direito de enfrent\u00e1-lo.<\/p>\n

As elei\u00e7\u00f5es seguintes foram todas polarizadas \u2013 de 1994 a 2014 pelo PT e PSDB, e as demais por Bolsonaro e o PT com Fernando Haddad como candidato, e agora com Lula. Quando o PSDB elegeu o presidente (1994 e 1988), ningu\u00e9m reclamou de polariza\u00e7\u00e3o, nem mesmo quando ele disputou e perdeu.<\/p>\n

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N\u00e3o s\u00e3o os partidos nem os candidatos que definem se uma elei\u00e7\u00e3o ser\u00e1 polarizada \u2013 \u00e9 Sua Excel\u00eancia, o Eleitor. E ele decide em quem vai voltar somente em cima da hora. \u00c9 assim, principalmente, em pa\u00edses com partidos n\u00e3o enraizados, como o Brasil, em que ningu\u00e9m lembra direito em quem votou.<\/p>\n

A polariza\u00e7\u00e3o n\u00e3o ocorre s\u00f3 na elei\u00e7\u00e3o presidencial, mas na de prefeito. Na maioria dos munic\u00edpios, \u00e9 o candidato do prefeito contra o da oposi\u00e7\u00e3o; os demais s\u00e3o figurantes. Nas capitais, n\u00e3o em todas, a elei\u00e7\u00e3o se nacionaliza, mas isso n\u00e3o tira o peso do debate em torno dos temas locais.<\/p>\n

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\u00c9 o que assistiremos outra vez este ano. Ai do candidato com chances de se eleger capaz de confiar de prefer\u00eancia na for\u00e7a do seu padrinho, o presidente ou o governador. \u00c9 uma ben\u00e7\u00e3o contar com o apoio de um deles, mas n\u00e3o basta. S\u00e3o as propostas para os problemas locais que importam.<\/p>\n

As propostas, o carisma do candidato, sua capacidade de falar ao cora\u00e7\u00e3o dos eleitores e o dinheiro que tenha para gastar nar campanha. No in\u00edcio do s\u00e9culo passado, um marqueteiro americano famoso disse a um candidato do Partido Republicano a presidente:<\/p>\n

\u201cS\u00f3 h\u00e1 duas coisas que ganham elei\u00e7\u00e3o: dinheiro\u2026, e a segunda esqueci\u201d.<\/em><\/p>\n