Não seja ingrato, Lula. Agradeça a Maduro pela ajuda que ele lhe dá

Se o momento fosse outro e não houvesse risco de vazar a conversa entre os dois, Lula deveria telefonar para Nicolás Maduro, o ditador da Venezuela, e agradecer a ajuda que ele lhe tem dado.

Um dia desses, mais exatamente em 29 de maio do ano passado, Lula estendeu o tapete vermelho em Brasília para receber Maduro com honras de chefe de Estado. Reuniu-se com ele três vezes.

A última vez que Maduro visitara o Brasil foi em 2015, no governo de Dilma Rousseff. E Bolsonaro, em 2019, proibiu Maduro de voltar. Sem sucesso, Bolsonaro e Trump tentaram derrubá-lo.

O pau cantou na cabeça de Lula por acarinhar Maduro. E de novo cantou porque Lula hesitou em denunciar a fraude que nas eleições de julho último na Venezuela manteve Maduro no poder.

Enquanto os demais países do mundo ocidental e do sul global admitiram de imediato a vitória da oposição a Maduro, o Brasil insistia em pedir as ata eleitorais para conferir se houvera fraude.

Então sem querer, Maduro começou a colaborar com Lula para que ele mudasse de posição. Primeiro, com ironia, recomendou a Lula que tomasse um chá de camomila para se acalmar.

Jamais atendeu ao pedido do Brasil para apresentar as atas que comprovariam a fraude. Depois, emitiu uma nota onde chamou Celso Amorim, assessor de Lula, de “lacaio do imperialismo”.

E ontem, finalmente, retirou do Brasil seu embaixador. Não rompeu relações. Mas a retirada de um embaixador é o ato que muitas vezes precede a suspensão das relações entre dois países.

Maduro parecia convencido de que a Venezuela seria admitida no Brics, bloco que reúne, entre outros países, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Viajou a Moscou para festejar a admissão.

Quebrou a cara. O Brasil vetou a entrada da Venezuela no Brics. Foi uma humilhação para Maduro, que contava com o apoio da Rússia e da China para romper o isolamento em que vive.

O veto foi bem visto pelos Estados Unidos e a União Europeia, e somou pontos para Lula. Mas não foi bem aceito pelo PT, que reconheceu em julho a vitória de Maduro e segue ao lado dele.

É por essas e muitas outras razões que o PT perde eleições.

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