Uma eleição, a de hoje nos EUA, que poderá ser tudo menos normal

Nem para os padrões americanos será uma eleição normal. Nunca na história dos Estados Unidos um presidente candidato à reeleição abandonou a disputa sob pressão interna do seu partido e devido a problemas relacionados à sua idade avançada. Foi o que ocorreu com Joe Biden que no próximo dia 20 completará 82 anos.

Entre todos os 46 presidentes que os Estados Unidos já tiveram, Biden é o mais idoso de todos. Se reeleito, terminaria seu segundo mandato com 86 anos. Cedeu a vaga de candidato à sua vice-presidente, Kamala Harris, 60 anos, e a condição de o mais velho a concorrer à Presidência a Donald Trump, 78 anos.

Ao todo, nove vice-presidentes americanos assumiram o governo em lugar dos titulares. Quatro porque os presidentes foram assassinados, três porque os titulares do cargo morreram de morte natural, e um porque Richard Nixon, eleito e reeleito, renunciou para não ser impedido pela justiça de continuar governando.

O democrata Grover Cleveland (1837-1908) foi o único presidente americano que, apesar de ter perdido a reeleição, conquistou um segundo mandato após 4 anos como ex-presidente. O republicano Trump, derrotado por Biden em 2020, poderá ser o segundo, caso vença Kamala hoje. Se perder, sairá de cena em definitivo.

Em 2012, quando Barack Obama garantiu um segundo mandato, sua vitória foi projetada antes da meia-noite no dia da votação. Em 2016, quando Trump ganhou a Presidência, ele foi declarado vencedor pouco antes das 3h do dia seguinte à eleição. Em 2020, a vitória de Biden levou 4 dias para ser anunciada.

Desta vez, não se descarta a hipótese de que aconteça algo parecido com a eleição de 2000 travada por George W. Bush e Al Gore. A votação foi realizada em 7 de novembro. Os dois lados entraram em guerra por uma disputa acirrada na Flórida. E só em 12 de dezembro, a Suprema Corte decidiu a parada a favor de Bush.

Trump não reconheceu o resultado da eleição que perdeu há quatro anos para Biden. Chegou ao ponto de tentar abortar o anúncio, estimulando seus seguidores a invadir o Capitólio, sede do Congresso. Trump já disse que só reconhecerá o resultado desta eleição se a ganhar, do contrário dirá que ela lhe foi roubada.

Poderá ser considerada normal uma eleição em que um dos candidatos se comporta dessa maneira? No país onde a liberdade de expressão é posta acima de tudo, os candidatos podem dizer o que lhe venha à cabeça e se comportar como quiser, mesmo que isso possa ser interpretado como uma clara ameaça à democracia.

Um juiz estadual da Pensilvânia autorizou nesta segunda-feira (4) que Elon Musk, o homem mais rico do mundo, dono do X, faça o sorteio diário de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,79 milhões, na cotação atual) para eleitores indecisos no estado. Musk apoia Trump e espera fazer parte do seu futuro governo.

Na esmagadora maioria dos países democráticos, um eleitor corresponde a um voto. Nos Estados Unidos, berço da democracia que se oferece ao mundo como modelo, um grupo reduzido de pessoas, indicadas por partidos e chamadas de delegados, é quem de fato elege o presidente. A força do voto popular é relativa.

God Bless America!

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