Mesmo com Pix, número de cédulas e moedas produzidas segue estável

Apesar do surgimento de novos meios de pagamento, como o Pix, o número de cédulas e moedas de real produzidas no país se manteve estável nos últimos dois anos. Segundo dados obtidos pelo Metrópoles junto ao Banco Central (BC), em 2023, o país produziu 1 bilhão de cédulas e 1,1 bilhão de moedas.

Entre 2021 e 2023, por exemplo, houve um aumento na produção de moedas, com a expansão de 627,8 milhões para 1,1 bilhão.

Veja os números gerais da produção de cédulas e moedas no país nos últimos 10 anos:

 

Veja a discriminação da produção de cédulas e moedas por unidade de valor:

 

Segundo o BC, a aquisição de cédulas e moedas visa atender à variação prevista do dinheiro em circulação. Para esse cálculo, consideram-se três fatores: a demanda; a substituição das notas desgastadas pelo uso; e a manutenção de estoques preventivos de segurança.

A variação nas quantidades adquiridas entre um ano e outro se deve a esses componentes, explica a instituição.

O BC diz ainda que os novos meios de pagamento impactaram os hábitos de uso dos meios anteriormente existentes, mas ainda será necessário algum tempo para mapear a evolução desse processo e, consequentemente, aferir sua consequência na produção de dinheiro.

O Pix completou três anos em novembro do ano passado, quando atingiu a marca de R$ 29,7 trilhões movimentados; a média dos últimos meses alcançou o índice de R$ 1,5 trilhão. O sistema instantâneo de pagamentos foi lançado em 2020 e hoje conta com 155,8 milhões de usuários cadastrados, entre os 214,3 milhões de brasileiros.

Do total de usuários, 91% são pessoas físicas. Embora as pessoas jurídicas representem a menor parcela, elas movimentam um maior volume de recursos.

Falta de troco?

Apesar da disseminação nacional do Pix, há lojas e pequenos comércios que se queixam da falta de troco. O BC diz que podem ocorrer situações transitórias de escassez de troco na rede de distribuição, sobretudo devido às dimensões do país e em eventuais alterações de preços que aumentam a procura por determinados valores de moedas ou notas.

Ainda assim, a instituição afirma: “Não temos registros de dificuldade de obtenção de troco em nível nacional”.

Em 2023, a produção de moedas superou a de cédulas de papel pela primeira vez desde 2014. De acordo com o Banco Central, ao longo do ano passado, foi identificado aumento da demanda pelas moedas de R$ 0,05 e R$ 0,10, o que motivou produção adicional desses valores.

Vale lembrar que, em muitas cidades do Brasil, meios de transporte público como ônibus e metrô ainda aceitam somente dinheiro físico.

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No caso das cédulas, em 2021 foi necessária a recomposição de estoques utilizados em 2020 — ano em que houve aumento acentuado do dinheiro em circulação, devido à pandemia de Covid-19. O auxílio emergencial concedido pelo governo federal para socorrer trabalhadores informais impactados pela pandemia foi um dos fatores que levaram ao aumento da circulação de notas.

A princípio, o dinheiro desse auxílio era depositado em conta poupança digital e, depois, liberado para saque — opção preferencial de muitos beneficiários.

As cédulas têm vida útil estimada entre 22 meses, para as de baixo e médio valor (R$ 2 a R$ 20), e 57 meses, para as de alto valor (R$ 50 a R$ 200), dependendo de sua rotatividade.

Lobo-guará raro

Apresentadas em setembro de 2020, as notas de R$ 200 só foram produzidas nos dois primeiros anos de circulação (2020 e 2021). A cédula ilustrada com um lobo-guará virou a sensação da web e, diante de sua raridade, foi envolvida em diversos memes.

Em 2020, foram produzidas 380 milhões de cédulas de R$ 200. No ano seguinte, esse número caiu mais de cinco vezes: foram 70 milhões de notas produzidas.

Após um ano, cédula de R$ 200 ainda é raridade

O BC foi questionado sobre a interrupção na produção das cédulas de R$ 200 nos anos de 2022 e 2023, mas não respondeu à reportagem.

Dinheiro guardado ou esquecido em gavetas

O fenômeno do entesouramento, ou a não recirculação de moedas por parte do público, mantém significativa quantidade de moedas fora de circulação, seja para fins de poupança (os chamados “cofrinhos”) ou por simples esquecimento ou perda.

Ainda de acordo com o BC, a quantidade entesourada não chega a ser importante em bases individuais, mas, quando se considera o conjunto total de moedas retiradas de circulação, estima-se que 40% do total de moedas no Brasil sejam objeto de entesouramento.

Valor do dinheiro em circulação

Além do número de cédulas e moedas produzidas, o valor das cédulas e moedas em circulação também se mantém estável. O pico de dinheiro em circulação no país foi registrado em 2020.

Após uma crescente a partir de abril, havia mais de R$ 350 bilhões circulando no Brasil em dezembro daquele ano. Naquele período, o crescimento foi de 32,7%.

Em 2023, o valor que circulou no país ficou acima dos R$ 300 bilhões em todos os meses do ano, mas abaixo dos R$ 350 bilhões.

Veja o valor do dinheiro em circulação no país nos últimos seis anos:

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