Os 20% que motivaram Nunes a subir no trio de Bolsonaro na Paulista

São Paulo — O cálculo político que levou o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), a subir no trio elétrico do ato em defesa de Jair Bolsonaro (PL), neste domingo (25/2), na Avenida Paulista, foi preciso. Pesquisas analisadas pela campanha do emedebista mostram que o ex-presidente tem potencial de transferência de votos de 20% na cidade de São Paulo, índice capaz de colocar um candidato no segundo turno e que não pode ser desprezado.

Para aliados do prefeito, esse número tem peso maior neste momento de pré-campanha do que a índice de rejeição de Bolsonaro na capital, que é o maior entre todos os políticos — em 2022, o ex-presidente perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cidade, e até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), teve mais votos dos paulistanos do que o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa estadual.

Desde o ano passado, Nunes vinha tentando obter o apoio de Bolsonaro para sua reeleição à Prefeitura de São Paulo, com o objetivo de evitar uma candidatura bolsonarista que ameaçasse sua ida ao segundo turno — ou seja, que esses 20% de eleitores paulistanos que dizem votar em um indicado de Bolsonaro fossem para outro candidato. Até agora, Nunes teve êxito na articulação.

No fim de 2023, Nunes recebeu do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a confirmação de que Bolsonaro o apoiará na eleição deste ano e que pretende indicar um aliado como vice na chapa do prefeito. A decisão do ex-presidente minou a única pré-candidatura bolsonarista, do deputado federal Ricardo Salles (PL), que anunciou desistência pela segunda vez.


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O último levantamento divulgado pelo Instituto Paraná Pesquisas, na semana passada, mostra que, sem um candidato genuinamente bolsonarista, Nunes já está tecnicamente empatado com o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que é apoiado pelo PT de Lula. Segundo a pesquisa, o psolista tem 33% das intenções de voto, enquanto Nunes soma 32%. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) aparece em terceiro lugar, com 9,2%.

Para aliados de Nunes, o dado mais relevante apareceu na simulação de segundo turno feita pelo Paraná Pesquisas, em que o prefeito aparece tecnicamente à frente de Boulos, com 43,4% das intenções de voto, ante 39,6% do deputado do PSol — a margem de erro da sondagem é de 2.6 pontos percentuais para mais ou para menos. Segundo esses aliados, o resultado confirma que a estratégia de se aliar a Bolsonaro está correta.

Boulos x Nunes

Como o mostrou o Metrópoles, Boulos tem explorado ao máximo a aliança de Nunes com Bolsonaro para tentar colocar no prefeito a pecha de “extremista” ou de “aliado de golpista”. Neste domingo, antes e durante o ato bolsonarista na Avenida Paulista, Boulos fez uma série de postagens atacando a participação de Nunes no evento.

“É uma vergonha que alguém que se elegeu vice de Bruno Covas, democrata que sempre foi contra o bolsonarismo, esteja hoje na Paulista defendendo justamente o ataque à democracia promovido por Bolsonaro”, escreveu Boulos em uma delas.

“Nunes já está com a pulserinha VIP do camarote do gabinete do ódio”, disse o pré-candidato do PSol em outro post, acompanhado do vídeo que mostra Nunes chegando ao Palácio dos Bandeirantes para encontrar Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas antes da manifestação na Paulista.

No evento, Nunes subiu no trio elétrico de Bolsonaro, posou para fotos, mas não discursou. Após a manifestação, ele destacou a “pluralidade” do ato e o classificou como um “evento histórico”.

“Hoje, vimos o presidente Bolsonaro compartilhando sua mensagem com o povo num evento histórico. Um encontro com a população, uma manifestação pacífica, organizada e representativa. Governadores, senadores e deputados de diversos partidos estiveram presentes, reforçando a pluralidade do evento”, disse o prefeito. “Diferentemente do que alguns andaram falando por aí, esta manifestação fortalece a democracia do Brasil”, completou Nunes, rebatendo as críticas feitas por Boulos.

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