Café descafeinado e câncer: uso de solvente é seguro para remover cafeína?

O café faz parte da rotina de muitas pessoas, mas, por diferentes motivos, há quem prefira o cafezinho descafeinado. Hoje, existem diversos processos para remover a cafeína dos grãos, mas o método envolvendo o solvente cloreto de metileno tem sido amplamente debatido. Isso porque o produto químico é ligado a preocupações associadas ao câncer

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O cloreto de metileno é um líquido incolor utilizado em diferentes processos industriais, como na fabricação de removedores de tinta. O solvente também é usado em alguns métodos de extração da cafeína do café, mas este uso é considerado seguro por agências de saúde, desde que em concentrações muito pequenas. Outras formas de extração não usam o solvente.

Câncer e café descafeinado

Parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o cloreto de metileno como um químico “provavelmente cancerígeno para humanos”, com base nas evidências científicas disponíveis. Apesar do possível risco, a ligação não foi estabelecida de forma incontestável até o momento e deve ser melhor analisada oportunamente.


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Como a maioria dos produtos que podem colocar em risco a saúde humana, a concentração é um fator importante. Nos EUA, a agência federal Food and Drug Administration (FDA) estabelece que a concentração do cloreto de metileno como resíduo não pode exceder 0,001% do total do café descafeinado. Fora dessa concentração, o produto não pode ser comercializado.

Supostos riscos do solvente cloreto de metileno na extração da cafeína do café levanta dúvidas sobre segurança do método (Imagem: LightFieldStudios/Envato)

Mesmo nesta porcentagem tão baixa, alguns grupos continuam a questionar os riscos do solvente e solicitam novas análises por parte da FDA, como o  Environmental Defense Fund. Isso ainda não foi feito. 

Segundo especialistas na área de química, as etapas de preparo do café descafeinado podem ajudar a eliminar os últimos resíduos do solvente, o que torna o consumo seguro. Outra opção para os consumidores é usar produtos que foram obtidos através de outros métodos de extração da cafeína.

Como a cafeína é extraída do café?

“Há dois métodos principais baseados em solventes [o direto e o indireto]” para remover a cafeína do café, destaca Michael W. Crowder, professor de química e bioquímica na Miami University (EUA), em artigo para a plataforma The Conversation

“No método direto, os produtores deixam os grãos úmidos de molho diretamente no solvente ou diluído em água”, detalha o pesquisador. Quando a cafeína é extraída, o solvente é removido e os grãos são secos.

Na forma indireta, os produtores deixam os grãos verdes de café de molho em água quente por algumas horas e, então, os removem. Após esta etapa, tratam a água com o solvente para remover a cafeína

Independentemente da forma, após a remoção da cafeína, os grãos de café são cozidos no vapor e secos. Em seguida, eles são torrados em altas temperaturas. “Durante o processo de vaporização e torrefação, os grãos ficam quentes o suficiente para que o cloreto de metileno residual evapore”, explica o professor universitário de química sobre a redução de danos do problema.

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