Erupção vulcânica mais poderosa já vista é observada em lua de Júpiter

Cientistas da missão Juno da agência espacial americana (Nasa) descobriram um ponto quente vulcânico no hemisfério sul da lua de Júpiter, Io. O local identificado não é apenas maior que o maior lago de água doce da Terra, mas também produz erupções seis vezes mais intensas do que a energia total gerada por todas as usinas do mundo.

A descoberta foi feita pelo instrumento Jovian Infrared Auroral Mapper (JIRAM) da Juno, desenvolvido pela Agência Espacial Italiana.

“Juno realizou dois sobrevoos muito próximos de Io durante a missão estendida. Cada um superou nossas expectativas, mas os dados mais recentes realmente nos surpreenderam. Este é o evento vulcânico mais poderoso já registrado no corpo mais vulcânico do nosso Sistema Solar, o que diz muito sobre sua magnitude”, afirmou o principal investigador da missão Scott Bolton, do Southwest Research Institute, em San Antonio, em comunicado.


O que é a lua Io?

  • Io é uma das quatro maiores luas de Júpiter e a mais vulcanicamente ativa do Sistema Solar.
  • A proximidade com Júpiter cria uma forte atração gravitacional, que mantém o interior de Io aquecido e derretido, gerando atividade vulcânica constante.
  • As imagens foram capturadas em 2024 pelo gerador de imagens JunoCam, da Juno.

Missão Juno da NASA

Projetado para capturar a luz infravermelha que emerge das profundezas de Júpiter, o JIRAM também tem sido utilizado para estudar as luas Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Durante sua missão estendida, a trajetória de Juno passa por Io a cada duas órbitas, permitindo análises detalhadas da superfície da lua.

Anteriormente, a espaçonave fez voos próximos de Io em dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, chegando a cerca de 1,5 mil quilômetros da superfície. O último sobrevoo ocorreu em 27 de dezembro de 2024, quando Juno passou a aproximadamente 74,4 mil quilômetros da lua, com o instrumento infravermelho apontado para o hemisfério sul de Io.

“O JIRAM detectou um ponto quente massivo no hemisfério sul de Io, com uma radiação infravermelha tão intensa que saturou nosso detector. Porém, temos indícios de que o que realmente observamos são vários pontos quentes próximos uns dos outros, emitindo ao mesmo tempo, o que sugere a presença de um grande sistema de câmaras de magma subterrâneas. Os dados confirmam que se trata da erupção vulcânica mais forte já registrada em Io”, explicou Alessandro Mura, co-investigador da Juno no Instituto Nacional de Astrofísica em Roma.

O gerador de imagens JunoCam da Juno capturou essas imagens de Io em 2024. Metrópoles
Imagens de Io capturadas em 2024 pelo gerador de imagens JunoCam a bordo da Juno da NASA mostram mudanças significativas e visíveis na superfície (indicadas pelas setas) perto do polo sul da lua joviana.

A equipe científica do JIRAM estima que a região detectada se estenda por cerca de 100 mil quilômetros quadrados, um tamanho muito superior ao do recordista anterior, Loki Patera, um lago de lava com cerca de 20 mil quilômetros quadrados. A potência da radiação térmica do novo ponto quente ultrapassa os 80 trilhões de watts.

Imagens confirmam atividade vulcânica

A descoberta também foi registrada pela câmera de luz visível JunoCam. Ao comparar as imagens dos dois sobrevoos anteriores com as mais recentes, a equipe identificou mudanças na coloração da superfície ao redor do ponto quente, um sinal característico de atividade vulcânica.

Erupções dessa magnitude costumam deixar marcas duradouras. Outras grandes erupções em Io já formaram depósitos piroclásticos (fragmentos de rocha composta expelidos por um vulcão), pequenos fluxos de lava que podem ser alimentados por fissuras e depósitos de pluma vulcânica ricos em enxofre e dióxido de enxofre.

Juno fará um novo sobrevoo de Io em 3 de março para analisar o ponto quente novamente e verificar possíveis mudanças na paisagem. Observações feitas a partir da Terra também poderão complementar os dados coletados.

“Embora seja sempre incrível testemunhar eventos que redefinem os livros de recordes, esse novo ponto quente pode fazer muito mais. A característica intrigante pode melhorar nossa compreensão do vulcanismo não apenas em Io, mas também em outros mundos”, explicou Bolton.

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