7 curiosidades sobre peixe “diabo negro” visto à luz do dia pela 1ª vez

Popularmente conhecido como “diabo negro”, o peixe Melanocetus johnsonii habita áreas de total escuridão no fundo do mar. Pela primeira vez na história, cientistas observaram um peixe abissal adulto nadando em águas iluminadas pela luz solar.O avistamento foge à regra, o que levanta curiosidades sobre o animal das profundezas e sobre sua capacidade de bioluminescência.

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O registro histórico do peixe “diabo negro” foi compartilhado por pesquisadores da ONG Condrik Tenerife, que desenovle pesquisas com arraias e tubarões no entorno das Ilhas Canárias, na Espanha. Por enquanto, o grupo de biólogos ainda não sabe o que desviou o peixe Melanocetus johnsonii de seu habitat, mas existem algumas hipóteses. 

 

“A razão de sua presença em águas tão rasas não é clara”, reforça o comunicado do grupo, nas redes sociais. “Pode ser devido a uma doença, uma corrente ascendente [de água], à fuga de um predador“, sugere. Por causa do tamanho do espécime, é uma fêmea que nadava em direção à superfície.


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Até então, o animal somente tinha sido visto através de gravações obtidas em mergulhos ou a partir de peixes adultos mortos (que chegam até a superfície). Em estágios intermediários de desenvolvimento, a criatura das profundezas também foi observada anteriormente.

7 curiosidades sobre o peixe “diabo negro”

O peixe “diabo negro” é parte do grupo conhecido como peixes abissais, em referência às espécies marinhas que habitam a zona de escuridão do mar e que está abaixo das águas iluminadas pelo sol. Para sobreviver, essas criaturas desenvolveram habilidades e características únicas.

A seguir, confira 7 curiosidades sobre o peixe Melanocetus johnsonii:

1. Peixe das profundezas do mar

O peixe “diabo negro” pode ser encontrado em diferentes profundidades do oceano, indo de 250 m a até 2 km da superfície, como aponta o Museu de História Natural de Londres (Reino Unido). São as zonas mesopelágica e batipelágica.

Conhecido como “diabo negro”, o peixe Melanocetus johnsonii vive nas profundezas e esconde muitas curiosidades; é a primeira vez que é visto à luz do dia (Imagem: Freshwater and Marine Image Bank/Universidade de Washington)

Se um humano tentasse mergulhar até a profundidade limite de vida da espécie, sem dispositivos de proteção adequados, as consequências seriam fatais. Afinal, a pressão extrema iria causar o colapso (e a implosão) do indivíduo, de modo semelhante ao que ocorreu com o submarino Titan. 

2. Capacidade de bioluminescência 

Como uma espécie que habita as águas não iluminadas pelo sol, o Melanocetus johnsonii tem capacidade de bioluminescência, ou seja, é capaz de “produzir” luz através de uma reação química. No seu caso específico, a luz é gerada por um grupo de bactérias bioluminescentes simbióticas, que vivem concentradas em um apêndice dorsal da criatura. 

A estrutura acende e funciona como uma falsa isca para atrair presas desavisadas. O detalha é que o “diabo negro” tem um estôago grande o suficiente para engolir presas maiores que ele próprio, o que o torna um excelente caçador marinho. 

3. Dimorfismo sexual

Há grande dimorfismo sexual entre os machos e as fêmeas da espécie conhecida como “diabo negro”. Elas são muito maiores, medindo até 18 cm, e têm dentes grandes e o apêndice que emite luz. Agora, eles são pequenos, com menos de 3 cm. O diferencial é que os machos têm um “nariz” ( órgão olfativo) bem desenvolvido para farejar as fêmeas na escuridão das profundezas do mar.

Confira uma fêmea da espécie, enquanto nada bem longe da luz do dia:

 

4. Relação entre machos e fêmeas

O tamanho diminuto dos machos é uma grande vantagem quando se analisa a forma de reprodução do peixe Melanocetus johnsonii. Quando os animais se encontram no mar, o macho imediatamente se fixa na fêmea, como um parasita, preso pelos dentes.

Ali, o macho permanece para o momento em que irá fertilizar os óvulos, completando o ciclo de reprodução. Por causa dessa peculiaridade, os cientistas pensaram por mais de 50 anos que fêmeas e machos eram animais de espécies diferentes.

5. “Diabo negro” está em todos os oceanos

O peixe “diabo negro” não vive em um único oceano do planeta. Na verdade, a espécie é bem distribuída por cantos diversos, com registros nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Também há um episódio em que foi observado nas frias e quase congelantes águas antárticas, como indica estudo publicado na revista Polar Research, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Pesquisa de Pesca e Oceanografia da Rússia.

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Apesar da ampla distribuição geográfica pelo mundo, é extremamente inédito ver uma fêmea em águas rasas, próximas à superfície, como ocorreu com os pesquisadores da ONG Condrik Tenerife. Definitivamente, o que foi visto não é um comportamento comum para a espécie.

6. Origem do nome

Para entender de onde veio o apelido de “diabo negro”, vale olhar para o nome da espécie. Melanocetus é uma palavra derivada do grego, que funde “melas” (negro, em português) com “ketos” (criatura marinha gigante), o que pode ser encarado como “monstro marinho negro”.

Agora, a palavra johnsonii faz referência ao nome de James Yate Johnson, um naturalista inglês, que identificou a espécie das profundezas do mar, pela primeira vez, em 1863. Este primeiro avistamento ocorreu durante uma expedição para o  arquipélago da Madeira, na costa noroeste da África. 

7. Família completa do peixe Melanocetus johnsonii

O peixe “diabo negro” não é o único de seu gênero. No momento, outras cinco espécies “primas” já foram identificadas pela ciência. Isso inclui Melanocetus eustalis, M. murrayi, M. niger, M. polyactis e M. rossi, além da M. johnsonii. Em comum, todas essas criaturas vivem escondidas em cantos escuros e pouco iluminados dos oceanos. Raramente, podem ser vistas à luz do dia, enquanto estão vivas. Os episódios de avistamento são exceções.

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