Prefeitura investiga professora trans por se vestir de Barbie em aula

Uma professora trans da rede municipal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, virou alvo de um “processo de averiguação” da prefeitura por se vestir de princesa em sala de aula. A investigação concluirá se a docente, que leciona para alunos de 7 anos, descumpriu alguma norma.

“Nós abrimos um processo de averiguação e, diante dessa averiguação, vamos investigar o que aconteceu e se há necessidade de alguma orientação ou intervenção. Identificaram que uma professora foi [vestida] de princesa à escola. A gente tem que ver o que isso tem a ver com o currículo. Vai ser averiguado e nós estaremos dando as orientações específicas à escola”, informou o secretário de Educação, Lucas Bittencourt.

Como a educação infantil recorre a atividades lúdicas, a secretaria deverá analisar se o conteúdo apresentado está de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O episódio aconteceu no primeiro dia de aula da Escola Irma Zorzi e virou pauta na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.

Em pronunciamento, o deputado João Henrique Catan (PL) criticou a iniciativa da professora e cobrou um posicionamento da prefeitura. “A pauta da esquerda tem a intenção de proibir os alunos de levarem celular para dentro das escolas. Eu peço para colocar no telão o que um celular na mão de um aluno pode mostrar para o parlamento, para a sociedade. Um professor da rede pública municipal, mostrando para alunos de 7 anos de idade, como se veste, montado, de travesti. Um homenzarrão”, discursou Catan na tribuna.

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Professora Emy Santos diz ter sido convidada a se fantasiar

Caso repercutiu na Assembleia Legislativa do MS
Professora trans Emy Santos é alvo de procedimento aberto pela prefeitura de Campo Grande
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Deputado João Henrique Catan cobra medidas da Secretaria de Educação

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Professora Emy Santos diz ter sido convidada a se fantasiar

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Caso repercutiu na Assembleia Legislativa do MS

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Professora trans Emy Santos é alvo de procedimento aberto pela prefeitura de Campo Grande

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“Eu quero oficiar a rede pública, a Comissão de Educação aqui da assembleia também. Eu quero saber quem é esse professor, eu quero saber quem é esse diretor que permitiu que um professor entrasse na sala de aula fantasiado de travesti. Isso está no plano de ensino?”, continuou o parlamentar.

A professora Emy Santos tem 25 anos e trabalha há um ano na rede municipal de ensino. Ela rebateu as acusações e disse ter sido convidada a comparecer à escola fantasiada no primeiro dia de aula.

“Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher trans, sou travesti. Essa é minha identidade. Arte é arte. Foi um dia especial na escola. Fui convidada a me fantasiar para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula!”, escreveu a docente.

“Meu plano de aula está correto, tudo encaminhado com muito cuidado, trabalhando a criatividade e imaginação das crianças! Tenho meus documentos retificados, tenho diploma, tenho família e sou muito respeitada, porque minha vida é lutar para um mundo melhor e sem preconceito! Espero que a justiça seja feita!”, concluiu.

Nas redes do deputado, muitos saíram em defesa da professora, argumentando não terem visto nada de errado no caso. No vídeo que registrou a interação com alunos, ela aparece perguntando a idade das crianças e estimulando cálculos de Matemática.

Alguns internautas acusaram o parlamentar de transfobia por se referir a Emy Santos como homem. “Ela é uma professora. Ela é uma mulher. Ela pode ir vestida como quiser para deixar a vida deu uma criança mais feliz, usando a imaginação. Transfobia é crime”, opinou uma mulher.

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